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Avalie os erros, as perdas e as derrotas e comece 2016 com vitórias irreversíveis

Marco Roza

Colunista o UOL

16/12/2015 06h00

Se é fim de ano, época de festas e de comemorações, muitos empreendedores assumem que devem se ajustar à euforia dominante e alardear aos quatro cantos seus projetos previstos para o ano que se aproxima. Muitos o fazem como uma maneira sutil de esconder as feridas que ainda sangram das trombadas das quais foram vítimas nos negócios ao longo do ano que acaba.

Talvez fosse conveniente aproveitar os períodos entre Natal e Ano Novo, quando a pressão diminui, e arrumar algum tempinho, talvez um dia ou dois, para avaliar os erros, as perdas e as derrotas.

Há que ser uma atividade recolhida, com um caderno novo ou um arquivo secreto no seu computador. E, diante das páginas em branco, dispostas a perdoar, o empreendedor se penitenciaria no levantamento de todos os pecados que cometeu ou que deixou que cometessem contra sua empresa.

Quem sabe você descobrirá que foi ingênuo ao fechar um contrato motivado pelo desespero e ansiedade. Ou concluirá, após quase sangrar a própria alma, que aquela dívida que fez para modernizar o escritório e a sede da empresa (alugada) tinha como único objetivo impressionar seus familiares e amigos, para jogar-lhes na cara que tinha conseguido, finalmente, o sucesso que eles julgavam impossível.

Se o empresário-pecador ainda tiver energias para suportar o impacto de mais autoavaliação, talvez registre no seu caderno ou nos arquivos do seu computador que ampliou demais os leques de possibilidades para sua empresa, aceitando contratos que lhe chegavam, sustentados por empréstimos em seu nome, contratando profissionais sem muito critério, para manter o cliente inesperado fiel para os próximos dez anos.

E se o cliente vazou após ter captado as soluções que toda a sua equipe, mesmo atabalhoadamente conseguiu apresentar, na época você não viu na decisão do “ex-quase cliente pelos próximos dez anos” alguma má fé.

E hoje descobre, nessa avaliação ao estilo “mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa” que foi vítima da sua própria fragilidade emocional, do seu orgulho, da sua vontade de agradar.

Por exemplo, assumiu todos os custos para executar as tarefas para um cliente que sequer conhecia bem, porque se impressionou com o carrão, o restaurante, as roupas e a conversa sofisticada do seu contratante, que se apresentava como seu “amigão do peito”.

Quem sabe ao sobreviver aos dois ou mais dias de penitência, porque avaliar os próprios erros, dói demais, porque nos dilacera como se nos flagelássemos sem anestesia, você resgatará o melhor de você para 2016.

E ultrapassará a barreira das festas de fim de ano e de ano novo com mais serenidade. E ao longo das prospecções e negociações que fazem parte da rotina de início de ano, avaliará as novas oportunidades sem pressa, sem egoísmo, sem se submeter às armadilhas emocionais.

Se manterá atento ao que de verdade seus potenciais aliados estão dispostos a trocar com você, a favor da sua empresa, nas suas negociações ao longo do ano. Construirá, quem sabe, um ano vitorioso para você e para sua empresa. Mesmo que não seja possível ostentar para seus familiares e amigos.