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Um olho na terra e outro no céu de oportunidades do turismo religioso

Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (180 km a nordeste de São Paulo) - AFP PHOTO/Yasuyoshi CHIBA
Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (180 km a nordeste de São Paulo) Imagem: AFP PHOTO/Yasuyoshi CHIBA

Colunista do UOL

19/06/2015 11h10

Se a fé move montanhas, que dirá o que faz com respeito à movimentação das pessoas. Reconhece-se que o brasileiro tem acentuada religiosidade, que pode variar quanto às opções de religiões, crenças religiosas e também quanto à intensidade.

Assim, as pessoas se movem para pedir ou agradecer aos seres que consideram sagrados, visitam santuários, templos, igrejas, participam de procissões, festas e celebrações, romarias, retiros, peregrinações e eventos religiosos, encontros e conferências. Há ainda as visitas a museus religiosos e às igrejas e templos para contemplar a arquitetura e obras de arte destes espaços sagrados.

O Brasil testemunhou, nos últimos anos, um salto gigantesco no número de viagens por motivações religiosas. Dados do Ministério do Turismo relativos a 2014 indicam 17,7 milhões de viagens, das quais dez milhões são excursões de um dia, e 7,7 milhões em que há hospedagem de pelo menos uma noite.

Estas excursões e viagens envolvem pessoas de todas as faixas de idade e classes socioeconômicas, que viajam sozinhas, em família ou em grupos, usando todos os tipos de transporte, e até cavalgam em direção a estes locais.

Se focalizarmos apenas a religião católica, a cidade de Aparecida (180 km a nordeste de São Paulo) desponta como a mais visitada. Para prestar homenagem, agradecer as graças recebidas ou pedir intercessão à Nossa Senhora Aparecida, para lá foram 12,2 milhões de devotos.

Próximo a Aparecida, fazendo parte do Vale da Fé, tem-se Cachoeira Paulista, sede da Comunidade Canção Nova, fundada pelo agora Monsenhor Jonas Abib. Mais de 2 milhões de pessoas visitam a Canção Nova anualmente. Em Guaratinguetá, tem-se igreja e outros atrativos relacionados ao Frei Galvão.

No turismo religioso brasileiro, outro grande atrativo mariano é a celebração do Círio de Nazaré, em Belém, que já ultrapassa três séculos. A pequenina imagem de Nossa Senhora de Nazaré (tão pequena quanto a de Aparecida) é poderosíssima em atração de fiéis.

A festa celebrada em homenagem à santa é uma das maiores festas religiosas do mundo, ultrapassando mais de milhão de devotos somente na procissão de Outubro.

Menos conhecida é a Basílica de São Francisco das Chagas, em Canindé (CE). Este santuário franciscano é o segundo maior do mundo, sendo o maior das Américas (relativamente ao de Assis, na Itália). Nova Trento (SC) possui um santuário dedicado à Madre Paulina, primeira santa brasileira, atraindo mais de 20 mil visitantes mensalmente.

Para se ter ideia de quão vasto é este mercado, além de agências de viagem, há sites e revistas eletrônicas especializadas. Veja, por exemplo, Viagens de Fé, uma revista eletrônica dedicada ao turismo religioso dentro e fora do país.

Já deu para perceber que, com tanta gente viajando, há muitas oportunidades para essas cidades e seus empreendedores. Afinal, os fiéis, romeiros e peregrinos comem, bebem, compram lembranças, e boa parte deles se hospeda. E desejam entretenimento e conhecer a região.

Se tiverem apoio político e administrativo das prefeituras, das secretarias, outros órgãos e níveis governamentais, poderão gerar melhores produtos, serviços e experiências para os visitantes. Essas experiências serão compartilhadas em suas redes sociais, atraindo mais visitantes.

Estes visitantes ajudarão no desenvolvimento econômico, social e cultural dessas cidades. Com um cenário econômico recessivo como agora, as pessoas terão muitos motivos para orar e pedir a intercessão dos céus.