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Na crise, empreender com franquias pode ser menos arriscado

Rose Mary Lopes

Colunista do UOL

16/10/2015 06h00

Atualmente se menciona a crise todos os dias. Mesmo sem ser na mídia, seus sinais estão cada vez mais evidentes: quer pelos muitos anúncios de aluga-se, pelos comentários de conhecidos que mencionam perda de emprego, pelos empreendedores que se queixam de menor movimento e faturamento.

Já se testemunham comentários de pessoas que estão renunciando aos supérfluos. Há quem esteja indo além: dividindo o marmitex para fazer duas refeições pelo mesmo valor (não é boato, conheço a pessoa que faz isso).

Entretanto, empreendedor que é empreendedor, que sente comichão de empreender, normalmente não se deixa abater. Se já tem um negócio, está lutando para encontrar alternativas. Está se “virando nos trinta” para conseguir resultados positivos. Afinal, a ameaça é real, os clientes estão ariscos.

Mesmo quando os clientes querem e precisam, estão negociando preço e condições. Ou rareando a frequência de consumo. Portanto, os empreendedores e gestores estão matando muitos leões por dia. Isso porque, na outra ponta, o Leão dos impostos e taxas não perdoa. Quer o seu quinhão, não importa o tamanho do esforço realizado.

E para quem deseja sonha em empreender? Vai ficar parado, de braços cruzados esperando a crise passar? Decerto que na viagem solo, o empreendedor de primeira viagem vai ter muito mais a seu desfavor. Apesar da empolgação, da crença de que o seu negócio vai dar certo, que os clientes vão perceber que o que oferece é melhor, a inexperiência cobra seu preço.

Afinal, são muitos aspectos com que tem de lidar e gerenciar. Desde a parte de promoção de seu produto ou serviço, para fazer com que seu público saiba de sua existência, até a parte comercial, ou seja, de vendas. Tem de lidar com dinheiro, com o fluxo de caixa, contas para pagar, incluindo os financiamentos (se tiver).

E lidar com fornecedores e com colaboradores. Assim, já dá para perceber que sua tarefa é complexa. Por mais que tenha pesquisado, estudado, buscado conhecimento teórico, a prática é desafiadora. Juntar todas as pontas e alinhá-las para alcançar resultado efetivo não é tarefa simples.

Por isso, o modelo de franquias pode ser uma saída para os que desejam empreender e ainda não têm experiência. A grande vantagem é que o modelo de negócio já foi testado. E o empreendedor não vai navegar sozinho apenas com seus instrumentos.

Faz parte do pacote que contrata e pelo qual paga, obter o treinamento e suporte do franqueador para os variados aspectos do negócio. Desde a escolha de localização até as ações de marketing. Vai ter a força da marca a seu favor. Os clientes reconhecem que podem esperar um padrão de atendimento e de qualidade no produto ou serviço.

A despeito do varejo restrito ter crescido apenas 2,2% em 2014 (dado do IBGE), o faturamento das franquias cresceu 7,7% no ano passado, segundo a Associação Brasileira de Franquias – ABF. As microfranquias tiveram uma evolução de 12,8%, aumentando sua participação em 14,7%. E as redes franqueadoras cresceram em 8,8%.

No total, as franquias faturaram R$ 128,5 bilhões em 2014 (ABF). Os empregos também aumentaram no ano passado em 6,5%. Para contrastar: segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o número de vagas abertas no país em 2014 caiu 64,4%, comparativamente a 2013.

Claro que as franquias não passam completamente ao largo da crise. A ordem de crescimento do faturamento das franquias por categoria mostra bastante bem que o consumidor está usando outros critérios para gastar seu dinheiro. Dados de 2014 da ABF mostram que Comunicação informática e eletrônicos foi a que mais cresceu: 27%.

Hotelaria e turismo caiu da 2ª. posição para a 11ª com crescimento de apenas 0,3% no faturamento. Esportes, saúde, beleza e lazer caiu da 1ª. posição para 9ª. Vestuário caiu da 8ª. para 10ª. posição. Até alimentação registra a perda de duas posições, fechando na 7ª. posição, crescendo 7% no faturamento. Casa e construção subiu para 3ª. posição e veículos para 5ª.

Há opções mais baratas de franquias: quiosques, lojas de franquias em ruas, microfranquias. Existe uma parceria de financiamento estabelecida entre a ABF e o Sebrae, em que este dá aval para o franqueado na obtenção de financiamento pelos bancos. Isto porque a taxa de mortalidade das franquias tende a ser menor do que no varejo: 3,7% e a mortalidade das microfranquias é de 8,4%.

Assim, se você estudar bem, fizer seu trabalho de pesquisa das franquias, e com os franqueados, analisar o mapa brasileiro com as áreas de concentração de franquias e os vazios, ou o mapa de sua região e cidade, e se preparar muito bem, esta opção para empreender pode ser menos arriscada, mesmo com o cenário de crise.