Eduardo Grimaldi, fã de artes marciais e fundador da Naja Extreme, que apoia lutadores
Eduardo Grimaldi viu na sua paixão por artes marciais a oportunidade de empreender. Ex-lutador de MMA (artes marciais mistas) e faixa preta de jiu-jitsu, ele é fundador da Naja Extreme, marca de roupas e acessórios para lutadores que aposta em patrocínios de atletas para ficar conhecida no mercado.
Grimaldi começou a treinar judô aos seis anos de idade, ainda na escola, e não parou. Entretanto, durante a adolescência, ele não via espaço para ganhar a vida como atleta profissional.
“Há 20 anos, lutadores eram marginalizados, considerados garotos violentos, problemáticos. Não era possível ganhar dinheiro como profissional, não existia patrocínio, apoiadores”, declara. Hoje, sua empresa supre essa carência, ao mesmo tempo em que reforça sua imagem.
Avalie o estilo de vida do seu público-alvo, pense em que grupos se encaixa, eventos que frequenta, pessoas que admira
Vá a eventos, converse com potenciais consumidores e avalie a forma como reagem aos produtos e marcas em uso pelos protagonistas ou expostos em banners
Busque em sua rede de contatos pessoas ligadas às áreas que se identificam com o seu público e se aproxime delas
Você pode começar oferecendo seu produto em troca de exposição, sem envolver dinheiro. Ou apoiar na realização de um evento, em troca da exibição da sua marca
Antes de empreender, ele trabalhou em grandes redes varejistas, período em que viajou com frequência aos EUA a trabalho. "Em 2006, observei como o UFC (campeonato mundial de MMA) era maduro lá e contava com o apoio de grandes marcas. Percebi que era questão de tempo até isso chegar ao Brasil”, diz.
Não demorou para que ele largasse tudo e concentrasse seus esforços na criação da própria empresa. Fundada em 2007, a Naja Extreme hoje é licenciada e estampa desde artigos de decoração a álbum de figurinhas para crianças e adolescentes. Seus artigos são comercializados em grandes redes varejistas do país, como Centauro, Netshoes e Americanas.
Por ser lutador e praticante de artes marciais há muitos anos, Grimaldi aproveitou sua rede de contatos para, logo no início, usar como estratégia de marketing o apoio ao esporte para emplacar sua marca. “Comecei vendendo na porta de campeonatos e fazendo permutas com lutadores. Dava peças de presente para eles usarem em eventos”, declara.
Com o tempo, a permuta virou patrocínio e, atualmente, a Naja Extreme apoia mais de 200 atletas pelo Brasil, entre eles, Daniel Sarafian, que chegou à final do "TUF – The Ultimate Fighter Brasil", programa exibido pela Rede Globo, mas que se lesionou antes de disputar o prêmio.
Para Grimaldi, o segredo do sucesso é investir em marketing de forma dirigida. “Trabalhar a imagem da empresa no seu nicho de atuação é fundamental. Nós optamos por divulgar nossa marca em eventos e nos atletas”, diz.
Para o empreendedor que pensa em seguir o mesmo caminho, ele dá dicas para escolher o alvo do patrocínio. “O evento, a ação ou a pessoa a ser patrocinada deve estar alinhada à missão da empresa. Evite oportunismos, como escolher pessoas que estão começando a ficar conhecidas. Esse patrocínio, geralmente, não dura muito tempo e não dá o retorno esperado”, afirma.
No caso de apoio a eventos, a atenção deve ser redobrada. É necessário checar a idoneidade da organização, se possui alvará, se tem estrutura de bombeiros no caso de alguma emergência, por exemplo.
Quarto temático da Naja Extreme: cama representa o octógono. Ao fundo, pôster do atleta Daniel Sarafian
Marcelo Miyashita, consultor da Miyashita Consulting e professor de marketing no MBA da FIA, explica que as empresas podem apoiar eventos ou pessoas de diversas maneiras.
“Pode ser um apoio operacional, seja na organização, realização ou divulgação de um evento, sem necessariamente ter dinheiro envolvido. Já o patrocínio é investimento que o empreendedor pode realizar em prol de uma causa e também para divulgar sua marca ao público envolvido na ação. Envolve dinheiro na maioria dos casos, mas pode haver também uma cessão de trabalho.”
Ele explica que não existe uma regra que determina quanto do seu orçamento a empresa deve investir em apoios ou patrocínios deste tipo, mas que todas as ações devem estar alinhadas ao plano de negócios. “Cada empreendedor deve buscar associar sua marca e presença com eventos e pessoas próximas a sua realidade econômica”, afirma.
É difícil mensurar o retorno de investimentos deste tipo, já que ele pode ser tangível, intangível, direto e indireto. Miyashita explica que o retorno tangível e direto é o ganho em vendas e negócios que acontece em um evento onde há venda de produtos e serviços do patrocinador, por exemplo.
O retorno tangível indireto pode ser negócios fechados no longo prazo, mas que se iniciaram a partir de contatos feitos no evento. O retorno intangível direto é o ganho de marca - de conhecimento e reconhecimento.
Já o retorno intangível indireto é o ganho no relacionamento. "Esse é mais difícil de medir, é quanto um patrocínio ajudou a estreitar relações entre o empreendedor e sua equipe e as pessoas impactadas", diz.
A Naja Extreme hoje está presente em todo o Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, e apresentou crescimento de 118% em 2011. Mais do que uma empresa de sucesso, é a realização de um sonho do lutador empreendedor.
“Minha maior satisfação é poder contribuir para tirar os esportes de luta da marginalidade. O licenciamento de produtos permite propagar a cultura de disciplina, respeito e dedicação das artes marciais”, diz.