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Banco Pan planeja cortar crédito diante de falta de capital

Felipe Marques

05/07/2017 16h08

(Bloomberg) -- O Banco Pan, controlado pelo Banco BTG e Caixa Econômica Federal, planeja cortar sua carteira de crédito pela metade nos próximos cinco anos para evitar uma possível falta de capital.

Com a decisão, a carteira de empréstimos será reduzida para cerca de R$ 20 bilhões (US$ 6 bilhões), disse José Luiz Acar Pedro, presidente do Banco Pan. O valor total atual é de R$ 40 bilhões de reais. O montante inclui empréstimos que o banco com sede em São Paulo manteve em seu balanço e outros vendidos para a Caixa, instituição controlada pelo governo.

O Banco Pan enfrenta a possibilidade de ficar abaixo de níveis mínimos de capital exigidos pelo regulador a partir de janeiro de 2018, quando entram em vigor regras mais rígidas que aumentam a quantidade de recursos que os bancos precisam ter em caixa para cobrir suas carteiras de empréstimos. O Banco Pan precisaria de uma injeção de pelo menos R$ 350 milhões para cumprir com o novo limite, desde que a carteira de empréstimos se mantenha estável e o banco não registre grandes perdas de crédito não previstas, segundo um relatório da S&P Global Ratings.

"Por enquanto, uma injeção de capital não está sendo considerada", disse Acar. "Ajustamos o banco para fazer menos negócios, oferecer menos empréstimos."

O Banco Pan já parou de conceder novas linhas de refinanciamento imobiliário ("home equity") e de financiar veículos em concessionárias, diz Acar. Uma restruturação levou ao corte de 500 empregados no último ano, para um total de 2.617 funcionários. Com as mudanças, o volume mensal de novos empréstimos deve cair de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre para cerca de R$ 1 bilhão, segundo Carlos Eduardo Guimarães, diretor de relações com investidores do Banco Pan.

As ações do Banco Pan acumulam alta de 25 por cento neste ano, em um rali impulsionado por um relatório da empresa de pesquisa Empiricus, com sede em São Paulo, que em janeiro apostava que a ação do banco ficaria acima da média do mercado. A ação ainda está quase 80 por cento abaixo da máxima vista em 2013. Os bancos médios sofreram mais do que os concorrentes de grande porte na recessão dos últimos anos, a pior enfrentada pelo país, já que não dispõem de unidades de seguros ou de gestão de recursos com tamanho suficiente para a mitigar a queda nos lucros causada pela desaceleração econômica e pela disparada dos níveis de inadimplência.

O Pan conta com o apoio operacional dos controladores, principalmente da Caixa, por meio de linhas de liquidez e acordos de compra de crédito. O Banco Pan registrou lucro líquido de R$ 3,7 milhões no primeiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 96 milhões do mesmo período de 2016. Os ativos totalizam R$ 27,6 bilhões.