Quem vai ao Mercadão de São Paulo para comprar bacalhau ouve de imediato do vendedor a pergunta: "Precisa de azeite também?".
Nos corredores do ponto turístico, clientes e comerciantes sentiram a disparada da inflação do óleo e participam um verdadeiro jogo para ver quem consegue o menor preço.
Vinícius de Oliveira/Colaboração para o UOL
Se nessa época do ano já é esperado pagar cerca de R$ 200 no quilo do bacalhau, o espanto vem ao ver que hoje um vidro pequeno de azeite de oliva não sai por menos de R$ 50.
São importados e de boa qualidade, justificam os comerciantes do Mercadão, que usam da lábia de vendedor para convencer a clientela a levar um combo para casa.
Desde o ano passado, a produção de azeite oliva foi impactada pela seca que atingiu olivais da Espanha, o maior produtor mundial.
O país europeu perdeu metade da produção em 2023 em relação ao ano anterior.
No Brasil, a crise climática afeta também o campo, só que aqui o efeito é diferente: as chuvas destruíram as plantações.
A expectativa dos vendedores do Mercadão ouvidos pela reportagem é que as vendas sejam iguais às do ano passado.
Em partes, por causa do azeite de oliva inflacionado. O comerciante Andonios Kambilis diz que hoje encara uma escassez de opções na praça.
Uma pesquisa do FGV Ibre revelou que o almoço de Páscoa deste ano vai ficar mais caro do que o de 2023.
Os principais ingredientes da cesta que pesam no bolso são o azeite de oliva (+39,82%) e a batata inglesa (+31,96%).
O bacalhau caiu 2,27%, assim como salmão (-8,93%) e sardinha (-5,1%). Mas tilápia e corvina, duas alternativas no prato do brasileiro, subiram 12,39% e 10,97%, respectivamente.
O filé de pescada é disparado o campeão de vendas. São poucos os que conseguem comprar bacalhau, que custa duas vezes mais do que o carro-chefe.