IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Pilates para concursos

Por William Douglas

19/06/2012 09h00

Motivado pela necessidade de manter a saúde, um dos recursos foi me render ao pilates. Depois de um período de rejeição e implicância, me curvei à eficácia do método. A técnica está me trazendo, admito, muitos benefícios! Falarei um pouco sobre o assunto e suas lições para concurseiros.

 

Inicialmente, registro que a mudança do estúdio e da professora fizeram muita diferença. Às vezes, é preciso mudar de curso, professor ou livro para vencermos alguns obstáculos que, aparentemente pessoais, podem ter sua gênese no método do curso ou professor. Embora seja uma hipótese corrente, nem sempre isso significa que o curso e/ou o professor sejam ruins. Trata-se apenas de uma questão de afinidade, empatia.

 

Um dos exercícios do pilates – o que me inspirou a escrever este artigo – é realizado com um disco inflável. Consiste em o aluno ficar em pé sobre uma base de borracha, com algum ar no seu interior, em formato de disco. Imagine um disco com o diâmetro de uma bola de basquete, entre 10 e 12 centímetros de altura, sem que esteja totalmente cheia de ar. O resultado é que, por ser praticamente uma bexiga com ar pela metade, ficar ali em cima gera uma boa dose de desequilíbrio. Não bastasse isso, o professor (no meu caso, a professora) fica a uns dois metros de distância arremessando duas bolas, uma atrás da outra, para que sejam agarradas e devolvidas. Tudo isso sendo feito em cima daquela base “bamba”, claro!

 

O início, como todos os inícios, é enjoadíssimo, mas com o tempo pega-se o jeito e é possível cumprir a “missão” dada pela professora. O segredo para se equilibrar é manter a postura correta e estabelecer o centro de equilíbrio, o que exige enorme reprogramação, ao menos para pessoas que, como eu, por décadas não cuidam desse importantíssimo aspecto da vida.

 

Pois bem, na última sessão não apenas percebi que as coisas estavam melhores, como também recebi elogios da professora. A base não mudou, muito menos a rotina, frequência e modo de lançamento das bolas em minha direção. Porém, eu estava mais equilibrado e, acredite, tranquilo! A mudança não foi externa... Foi interna. Veio de dentro de mim. A professora explicou que tudo havia melhorado pois estava mais ereto.

 

Antes de mais nada, a verdade é que quando alguém começa a se abaixar demais e olhar para baixo, a aceitar vaticínios pesarosos e contrários, as coisas pioram. Ficar ereto ajuda a mudar esse quadro.

 

A grande aplicação dessa metáfora é a manutenção do próprio eixo, o eixo central, é a verticalidade. Assim como no exercício de pilates, a vida – não somente nos concursos, mas em qualquer desafio – pede que você ache seu eixo. Quando ele está identificado e no lugar, a pessoa encontra equilíbrio e isso muda tudo.

 

O que define nossa capacidade de andar sobre um terreno instável não tem nada a ver com o terreno! O que define a marcha não é a natureza do terreno, mas a natureza do caminhante. Uma pessoa “torta”, mesmo com o chão estável, vai mancar. Uma pessoa equilibrada, porém, caminha bem no terreno fofo ou irregular. E é fato: a vida é repleta de terrenos irregulares, instáveis, pantanosos, com buracos, brita...

 

Em suma: o que define sua capacidade de caminhar em direção aos sonhos não é o terreno, mas sua verticalidade. Se perder o eixo, você entra em caos. E com o caos, as coisas não andam, sua vida não progride, talvez você nem sequer veja esperança ou sentido. E, provavelmente, você impute tudo isso ao cenário em que se desenvolvem suas lutas. Posso dizer que o problema não é o cenário: é você! Eis uma notícia maravilhosa: quando a solução dos nossos problemas não reside na mudança do cenário, que depende de terceiros, isso significa que temos em nossas mãos a capacidade de mudar nossa história.

 

As pessoas, em geral, ficam torcendo para que o ambiente mude e se torne favorável a seus planos, mas, na maioria das vezes, o caos externo é um sintoma da falta de harmonia interna.

 

Não sei como está sua vida pessoal. Talvez haja caos e instabilidade. Provavelmente turbulência e muito balanço ou, quem sabe, esteja difícil pegar todas as bolas e devolvê-las de forma adequada, que não atrapalhe o jogo. Mas estou certo de que se você encontrar seu eixo e sua verticalidade, o equilíbrio interno decorrente ajudará sobremaneira.

 

Quanto à situação atual do país, ela é a mesma para todos. Apesar de características pessoais e de cada história, a questão do concurso é a mesma para todos os candidatos, assim como o número de vagas e as matérias de provas. Em resumo: todos terão de vencer o mesmo desafio. E será melhor aquele que estiver mais ereto quando o tema for estudo, treino e preparo emocional. Claro que uma pessoa pobre terá mais dificuldades que a rica, e alguém com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou dislexia mais desafios que alguém que não porte essas características. Porém, no geral, o que define o resultado não é o tipo de terreno onde você se move, mas sua verticalidade.

 

Como você sabe, sou estudioso das técnicas de Sun Tzu, autor do livro A arte da guerra, a partir do qual escrevi a obra A arte da guerra para provas e concursos (Campus/Elsevier). Em sua imensa sabedoria, que atravessou 2500 anos, Sun Tzu já dizia: “Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização. Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de formação e sinalizações”, ou seja, a questão não é o tamanho ou a quantidade de problemas, mas como você se organiza. Ele também dizia que “Sem equilíbrio e harmonia não pode haver formação de batalha”, logo, de certa forma, ele e minha professora de pilates fazem parte da mesma escola.

 

Como encontrar nosso eixo? O primeiro passo é estar atento a ele. O segundo é encontrar (e ele está em algum lugar) nosso eixo de serenidade. Se você parar e refletir, se olhar para os lados e, de forma honesta, se comparar com o resto da humanidade, provavelmente, vai descobrir muita coisa boa em sua vida. Sugiro fazer uma lista de coisas boas e aquelas pelas quais vale ter gratidão. A gratidão pode ser à vida, ao destino, a Deus, aos pais ou até mesmo à sorte. O importante é listar aquilo pelo qual você deve ser grato (ou grata)! Em seguida, faça a lista dos sonhos, o mural dos planos. Anote tudo... Se quiser, insira fotos ou imagens nesse espaço fantástico de motivação, que é o cartaz de tudo o que você almeja. Planejamento básico e simples inclui registrar onde você está, para onde quer ir e quais caminhos e estratégias você pode usar para chegar lá. Se fizer isso, começando pela respiração, gratidão e planejamento, você já terá dado passos importantes. Pode não ser tudo, mas como disse Lao Tsé, “uma caminhada de mil quilômetros começa com um passo”.

 

Outro caminho para manter seu eixo é se esforçar muito pelo sonho, mas sem que isso gere demasiado grau de estafa. Tenho presenciado muitas pessoas que surtam, entram em crise ou depressão porque se submetem a um tratamento desumano. Acham que são super-homens ou “mulheres maravilha”! Não somos nada disso! É preciso um mínimo de equilíbrio na administração do tempo. Nessa linha, recomendo com convicção plena, após mais de 30 anos de concursos, que o mais eficiente é respeitar o “Shabbat” diário e semanal, e não dar margem ao sedentarismo.Para este último caso, criei um “programa” mínimo de exercícios chamado WDPTS, o qual possui vários depoimentos de sucesso. Esse programa pode ser acessado gratuitamente no meu site www.williamdouglas.com.br.

 

Igualmente disponível de forma gratuita no site e para aqueles que apreciam esse tipo de auxílio (sou um deles), selecionei trechos da sabedoria bíblica específicos para momentos de dificuldade pelos quais passamos. Ali é possível encontrar força espiritual, fé, garra e renovação das esperanças. Basta clicar em PEV, na home, e será iniciado um downloadgratuito da compilação feita por mim.

 

Por fim, nessa rápida conversa, ressalto que o concurso é um projeto para médio e longo prazos. Estar a par disso é muito válido, assim como chegar a acordos com a família, além de válido, é muito importante. Abordo mais sobre esse assunto no meu livro Como passar em provas e concursos (Impetus), nos capítulos “Prazo para passar” e “Aliados”, que tratam dessa base importantíssima de apoio.

 

Seu eixo principal precisa ser estabelecido em si mesmo, mas nada impede que seu Deus ou sua família – ou alguém que você admire – participe desse esquema, da montagem dessa estrutura emocional tão importante para o nosso equilíbrio. Há quem tome a mãe ou o pai falecidos como exemplos inspiradores. Outros usam o que querem legar para os filhos como instrumento de força psíquica. Seja como for, saiba que a hora em que você encontrar seu eixo, o caminho mais arenoso será trilhado com firmeza.

 

Se houver caos, busque, primeiramente, as soluções dentro de si mesmo. Busque aquiloque você acredita e quer para si. Ao encontrar seu eixo, sua verticalidade, você terá equilíbrio para caminhar melhor. O pilates é um bom começo para tudo isso!