Notas velhas de dinheiro são queimadas para produzir cimento
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Algumas das críticas feitas à inclusão da nova nota de R$ 200 no mercado brasileiro vieram de ativistas de meio ambiente, que alertam para mais desmatamento para fazer o papel que vira dinheiro.
De fato, o papel-moeda vem da celulose e, no processo, há desmatamento. Mas, desde dezembro de 2017, o Banco Central passou a utilizar os resíduos como forma de tentar minimizar os danos ambientais.
Segundo o BC, atualmente 52% do descarte é queimado para ajudar a alimentar fornos de produção de cimento. O BC diz que essa é uma destinação ambientalmente aceita por órgãos reguladores e fiscalizadores.
A meta do BC é adotar a solução de reciclagem em 100% das notas que forem retiradas de circulação até o início de 2023. Ainda este ano cidades como Belém e Salvador devem passar a ter o processo também. Brasília e São Paulo ficarão para o final, "por dificuldades logísticas dos prestadores do serviço nessas praças".
Como saber que o dinheiro perdeu vida útil
Máquinas específicas de uso do BC são reguladas de forma a identificar quando uma cédula tem que sair de circulação.
"Quando a máquina se depara com uma cédula que não tem mais qualidade, ela separa essa nota. Juntamos esse bloco de cédulas que não é mais adequado, e outras máquinas específicas trituram e geram os resíduos", diz a diretora de Administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros.
Segundo Carolina, o tempo ideal de duração de uma nota é de dois anos. "Mas ela pode chegar até cinco anos, depende de vários aspectos", afirma. A diretora do BC afirmou ainda que mais do rabiscar as notas, a vida útil da nota depende por exemplo de ambientes em que ela circula. Por exemplo, em feiras ou em contato com água.
"Se ela for para a máquina pouco castigada, ela pode voltar a circular. Mas quem atesta isso é a máquina especial para essa função".
E a fabricação?
Quando o papel está no processo de fabricação do dinheiro, é feita uma espécie de "sopa de fibras" com elementos se segurança que são identificados apenas numa etapa mais elaborada, por meio de perícia e uso de raios ultravioleta e microscópios.
O trabalho de fazer uma cédula é conduzido em conjunto, sendo uma equipe composta por cinco pessoas do BC e cinco da Casa da Moeda. "O trabalho de criação e desenvolvimento desses projetos, além da estética, inclui muita preocupação com segurança", diz Carolina.
"Essas cinco pessoas que cuidam de dinheiro, ao longo da trajetória do BC, tiveram que estudar muito. É um trabalho bastante especializado", afirma.
Lobo guará está na fila desde 2001
No caso da nova nota de R$ 200, coube à equipe do BC fazer uma longa pesquisa sobre o lobo guará, animal escolhido para estampar a nova cédula. "Essa equipe estuda desde o habitat do animal, seus hábitos", diz a diretora.
O lobo guará já estava na lista dos possíveis animais para estampar cédulas desde 2001, quando uma pesquisa listou os três animais ameaçados de extinção que poderiam entrar para a "família do Real". A ,primeira colocada foi a tartaruga marinha (que estampa a nota de R$ 2); seguida pelo mico-leão dourado (que está na nota de R$ 20) e o lobo guará ficou "na reserva".
Em 2004, a diretoria do BC autorizou que começassem os estudos para pensar na nota que teria o lobo guará. Em 2006, pesquisadores do BC foram até o BioParque no Rio de Janeiro tirar fotos de seis animais que existiam lá na ocasião.
Cabe ao Banco Central dar as diretrizes da concepção da cédula. "Definimos a tecnologia e entregamos essa especificação para a Casa da Moeda. Então, os projetistas de cédula e gravuristas vão para a prancheta implementar tudo que o BC passou", diz Carolina.
Segundo a diretora, ao pensar na criação da cédula são utilizados softwares específicos, não comerciais, que podem ser adquiridos só pelo BC e pela casa impressora de dinheiro.
Distribuição
A nota de R$ 200 está em fase final de testes de impressão. O BC alertou na semana passada, no entanto, que já há modelos falsificados em circulação no Rio de Janeiro e orienta a população formas de evitar golpes.
Toda a produção das notas acontece na Casa da Moeda, que fica no Rio de Janeiro. De lá, em um esquema de transporte extremamente delicado é elaborado para que a nota seja colocada em circulação em todo o país.
Do Rio de Janeiro, em voos cargueiros especiais, contratados via licitação, o dinheiro vai para sedes custodiantes do BC em diversas capitais ou é entregue ao Banco do Brasil, que por conta da sua capilaridade vai entregar o dinheiro para os demais bancos em operação no Brasil.
"O transporte é uma operação mantida em sigilo e que conta com segurança das policiais locais, mas também de apoio da Polícia Federal, com helicópteros e agentes de segurança", diz a diretora.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.