Opinião

Como garantir um futuro melhor para sua mãe, esposa e filha

Definitivamente, este não se trata de um conteúdo político e muito menos ideológico. É, sim, sobre realidade. E, principalmente, sobre responsabilidade.

Eu quero te convidar para uma reflexão honesta, humana, baseada em experiências reais — e que pode mudar a forma como você enxerga o papel dos homens na vida das mulheres que ama, e ajudá-las consideravelmente a terem um futuro melhor.

Falo com você como homem e alguém que demorou a compreender tudo isso — e que, por causa disso, colheu alguns frutos bem amargos.

Mulheres fortes que ninguém vê

Uma mulher que cresceu num lar simples, tendo que dar todo o seu salário para os pais. Com pouco estudo, dedicação integral à casa e aos filhos, e uma vida inteira de dependência financeira do marido. Mesmo sendo extremamente forte, resiliente e presente, ela foi se apagando. Pouca vaidade, baixa autoestima e sem nenhuma autonomia. Ela foi vivendo para todos, menos para si. Talvez você conheça alguém nessa mesma realidade: uma mãe, uma irmã? ou, quem sabe, até a sua esposa.

Durante anos, esse tipo de coisa me pareceu "normal". Só após adulto comecei a perceber o quanto isso era, na verdade, uma violência silenciosa. Hoje, aos 33, entendo que esse modelo que nos foi ensinado e repetido é injusto, excludente e perpetua ciclos que precisam ser urgentemente quebrados.

O que os dados mostram (e por que você deveria se importar)

Você pode achar que as coisas mudaram muito nos últimos anos. E mudaram. Mas ainda estamos longe de uma sociedade justa. Veja só:

  • Há pouco mais de 100 anos, mulheres sequer podiam votar. No Brasil, o voto feminino só foi permitido em 1932, com restrições (Câmara dos Deputados, 2022).
  • Até 1962, uma mulher casada precisava da autorização do marido para trabalhar, abrir conta bancária ou receber herança (UFRGS, 2013).
  • Hoje, no Brasil, uma mulher é vítima de feminicídio a cada 6 horas (Assembleia Legislativa de Minas Gerais, 2024).
  • Mais de 70% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de assédio sexual (Agência Brasil, 2025).
  • Mesmo com mais anos de estudo, elas ainda ganham, em média, 22% a menos do que homens (Brasil de Fato, 2024).
  • 88% das famílias monoparentais brasileiras são chefiadas por mães solo (IBGE/UNESP, 2018).
  • Apenas 20% dos cargos de liderança no mercado financeiro são ocupados por mulheres (Forbes, 2024).
  • Esses números são chocantes. Mas mais do que isso: são reais.
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Mas o que eu tenho a ver com isso?

Tudo. Por que, mesmo sem querer, a gente reproduz o sistema. Quando acha que é "normal" a mulher abrir mão da carreira para cuidar dos filhos. Quando diz que mulher é ruim com dinheiro. Quando considera "ajudar em casa" um favor, e não uma obrigação.

E aqui preciso abrir um parêntese importante. O que eu mais escuto de conhecidos e amigos meus é:

"Gostaria que minha mulher fosse mais parceira, mais legal, menos mal-humorada..."

Mas, você já parou para pensar que responsabilidade disso também passa por você? Relacionamentos são reflexo do ambiente que criamos. E quando uma mulher carrega sozinha o peso da casa, dos filhos, da pressão estética, da insegurança financeira e ainda é cobrada por leveza, algo está fora do lugar.

Independência financeira é liberdade — e é papel nosso apoiar isso.

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Como educador financeiro, vejo de perto o quanto a autonomia financeira transforma a vida de uma mulher. E vejo como, muitas vezes, os próprios homens são os primeiros a travar esse processo: com piadas, resistência, controle excessivo ou simples omissão.

Se queremos um futuro diferente para nossas mães, irmãs, esposas e filhas, não podemos mais ser espectadores. Precisamos colaborar. Abrir espaço. Estimular. Apoiar. E, acima de tudo, rever nossas posturas.

Não é "lacração" ou "mimimi" É responsabilidade.

Se você leu até aqui, já deu um passo importante. Agora, olhe para o lado.

Pense na sua mãe. Na sua irmã. Na sua filha. Você quer vê-las dependendo de alguém, sem autoestima, sem sonhos?

Ou quer fazer parte de um futuro em que elas tenham espaço de fala, escolhas, segurança e liberdade?

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Essa resposta não vem só com discurso. Vem com atitude.

Inspire-se com uma história real de transformação — e compartilhe com quem você ama

Talvez agora esteja mais consciente do quanto a autonomia feminina pode mudar vidas, inclusive a das mulheres que caminham ao seu lado.

Por isso, quero te fazer um convite diferente.

Assista (ou compartilhe com quem precisa ver) o episódio final da nossa série "Independência Financeira Feminina" / Finanças de mãe para filha: dilemas e aprendizados entre gerações.

Nele, uma mãe e uma filha contam como venceram barreiras, conquistaram espaço no mercado financeiro e transformaram suas histórias, juntas.

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É o tipo de conversa que abre a mente, inspira e mostra que existe, sim, um caminho possível. E que quando uma mulher conquista sua independência, ela não se liberta sozinha. Ela puxa outras com ela.

Talvez esse episódio desperte algo na sua mãe, esposa, irmã e filha. Ou até mesmo em você.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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