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Nos EUA, casais da geração Y adiam casamento para cuidar da carreira

Do UOL, em São Paulo

06/10/2014 17h36

Kelly Wood, 29, e seu marido Ethan Bushman, 30, se casaram no mês passado, sete anos depois que se conheceram, porque esperaram para aprimorar seus estudos e carreiras.

"Eu sentia que, se tivesse me casado antes, eu seria jovem demais", diz Wood, enfermeira de São Francisco, cujo marido está terminando um curso superior. "O fato de sermos mais velhos e estarmos mais estabelecidos em nossas carreiras e em nossas metas na vida é uma base que nos permite começar nosso casamento com a maior força possível."

Os casais americanos estão adiando cada vez mais o casamento. É uma tendência que se via há décadas e que é agravada pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelos adultos jovens cinco anos após o final da recessão iniciada em 2008. O adiamento está contribuindo para uma baixa na taxa de natalidade e para um nível menor de donos de casa própria. O pagamento das parcelas dos imóveis limita os gastos dos consumidores.

"É provável que os casamentos recuperem um pouco o ritmo quando a economia começar a se regularizar", diz William Frey, pesquisador sênior da Brookings Institution, em Washington. "Mas as tendências de longo prazo sinalizam um período em que a idade adulta do jovem será pensada cada vez mais como a dos anos de solteiro."

Nível de emprego entre os jovens ainda não se recuperou

Quase metade dos jovens entre 24 e 29 anos nunca se casou. Em meados dos anos 1980, a parcela era de cerca de um quarto, segundo pesquisa dos demógrafos do Departamento do Censo dos EUA, Laryssa Mykyta e Jonathan Vespa. A idade média em que os jovens se casam aumentou seis anos em relação a 1959. Em 2013, é de 29 anos entre os homens e de 26,6 anos entre as mulheres.

Economistas dizem que há várias razões para a queda da taxa de casamentos. Uma das mais citadas é o mercado de trabalho ainda em recuperação, que colocou pressão sobre as finanças da geração Y nos EUA. São 82 milhões de pessoas nascidas entre 1981 e 2000.

O subemprego e o desemprego estão "deixando muitos adultos jovens hesitantes em casar por causa do atual clima econômico", afirma Bradford Wilcox, diretor do Projeto Nacional de Casamento da Universidade de Virgína, em Charlottesville. "Essa retração nos casamentos representa, obviamente, um peso sobre a fertilidade, sobre o mercado de casas para famílias e sobre setores como produtos e seguro familiares, considerando que os casados com filhos gastam mais nesses tipos de produtos".

'País Seinfeld'

O surgimento de um "país Seinfeld" (referência à série Seinfeld, sobre amigos solteiros, transmitida de 1989 a 1998) orientará os gastos na direção dos restaurantes fast food. Vão se beneficiar "especialmente aqueles que servem uma clientela mais rica que a média, dado que os jovens não têm gastos familiares", diz Avery Shenfeld, economista-chefe da CIBC World Markets, em Toronto. 

O desemprego entre os jovens com 25 a 34 anos de idade foi de 6,2% em setembro de 2014, contra 10,6% em outubro de 2009, quando já se sentiam os efeitos da crise.

Contudo, a desocupação é mais alta hoje, quando comparada aos 4,9% em dezembro de 2007, antes da turbulência econômica. Também é mais alta que o desemprego total da população, que é de 5,9%.

Os trabalhadores em tempo integral que estão nessa faixa etária viram seus rendimentos caírem de US$ 38.760 (R$ 94.055,02) ao ano, em 2007, para US$ 38.000 (R$ 92.210,80), em 2012, com base em dados do Centro Nacional de Estatísticas da Educação. Quando se consideram só os salários dos graduados no ensino superior ou acima desse nível, eles caíram de US$ 52.990 (R$ 128.585,53), em 2007, para US$ 49.950 (R$ 121.208,67), em 2012.

(Com Bloomberg)