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Para setor de construção, impacto da Lava Jato no desemprego foi pequeno

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

26/03/2015 06h00

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, acredita que a operação Lava Jato teve impacto pequeno na queda do número de empregos no setor e credita as demissões basicamente à crise econômica e ao atraso no pagamento às empresas pelo governo federal.

Entre outubro e fevereiro, foi registrado um saldo negativo de 250 mil empregos formais na construção civil.

"O que começou a acontecer é que, em meados de agosto do ano passado, o governo passou a atrasar a fatura. E como não tenho fôlego para tocar a obra, eu tiro o pé do acelerador. Além disso, houve também o fim das obras da Copa, que impactaram nesses números", afirmou Martins.

Para o líder do setor, a Lava Jato deve responder por apenas 10% das demissões. A crise, segundo Martins, vem do momento de estagnação econômica do país.

Segundo entidade, Lava Jato vai ampliar concorrência

Para Martins, a operação Lava Jato deixará ao menos um ponto positivo: uma maior concorrência entre empresas para realizar as obras.

"O que a gente quer é que exista uma participação maior das empresas, abra mais para outras construtoras. O simples fato de sempre escolher por meio de carta-convite é absurdo. Todo mundo tem de participar, tem de haver transparência. Se tivesse seguido a Lei de Licitações, e não o regimento interno, nada disso teria ocorrido", disse.

Até a operação Lava Jato, a Petrobras se negava a seguir a lei de licitações e escolhia sempre as empresas, que davam propostas para determinada obra. O menor preço vendia. Segundo a CBIC, R$ 84 bilhões foram contratados por meio dessa modalidade.

"Tenho certeza de que isso agora vai mudar. Entendo que, às vezes, é preciso criar exceções. A carta-convite é para obras de até R$ 150 mil. A ideia dela é ter obra rápida, emergencial. Mas não poderia virar regra", disse.

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, disse que os pagamentos devem voltar a ser feitos dentro de um cronograma normal em breve. 

“Já estamos trabalhando com todos os ministérios, fazendo levantamento de todos os restos a pagar, Estamos pagando todos os compromissos do governo no prazo adequado. Isso pode gerar alguns atrasos, localizados, mas o compromisso do governo se manter de pagar todas as obras que foram concluídas e medidas. Obviamente, isso está seguindo o cronograma de execução orçamentária. A previsão depende de cada ministério”, afirmou.

“Já estamos trabalhando com todos os ministérios, fazendo levantamento de todos os restos a pagar. Isso pode gerar alguns atrasos localizados, mas o compromisso do governo se mantém em pagar todas as obras que foram concluídas e medidas. Obviamente, isso está seguindo o cronograma de execução orçamentária. A previsão [de pagamentos] depende de cada ministério”, afirmou.

(Colaborou Leandro Prazeres, em Brasília)