Tesouro Direto: veja o que você precisa saber sobre esse investimento
O Tesouro Direto é um investimento em renda fixa. Criado em 2002, o investimento não requer grandes quantidades financeiras: com cerca de apenas R$ 30, já é possível fazer uma aplicação.
Você tem dúvidas sobre como investir em Tesouro? O UOL consultou profissionais do mercado financeiro para responder aos principais questionamentos. Veja abaixo.
Tudo sobre o Tesouro Direto
O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional em parceria com a B3 (sigla de "Brasil, Bolsa, Balcão", a Bolsa de Valores brasileira), criado em 2002. Esse formato de investimentos é 100% digital e negocia títulos públicos do governo federal para pessoas físicas.
"É como se estivéssemos emprestando dinheiro ao governo", disse Lai Santiago, educadora financeira da fintech de crédito Open Co.
"O Tesouro Direto tem uma plataforma supersimples e intuitiva, com diferentes perfis de investidores. É possível aplicar também pelas corretoras e bancos tradicionais, o que gera uma segurança muito grande para quem está investindo", afirmou.
O Tesouro Direto é seguro?
O fato de ser ligado ao governo federal pode gerar insegurança em muita gente. Mas, de acordo com especialistas do mercado financeiro, o risco de calote é mínimo, e o Tesouro Direto é muito seguro.
"O governo é considerado uma fonte segura de pagamento. Há casos em outros países, como a Argentina, em que não houve condições de honrar o pagamento. Mas no Brasil a situação é diferente. Claro que há risco, de acontecer alguma coisa, mas é algo muito difícil. O risco é bem pequeno", avaliou Stefan Castro, gestor da AF Invest.
"O Tesouro Direto é o investimento mais conservador que existe em termos de risco de crédito. O risco de você perder dinheiro, em termos de calote, em um CDB ou em uma ação é muito,maior do que no Tesouro Direto. Portanto, em análise de risco, não faz sentido deixar de investir no Tesouro Direto por causa disso", declarou Lai.
Quais são as modalidades do Tesouro Direto?
Há, basicamente, três formatos de aplicações no Tesouro Direto: prefixados, pós-fixados (atrelados à Taxa Selic) e os atrelados ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação).
Em todas elas, há variações no prazo de resgate do dinheiro, na rentabilidade, no valor mínimo de investimento.
Em janeiro de 2022, no site do Tesouro Direto, estavam disponíveis 11 opções: três prefixados (para 2024, para 2026 e para 2031 com juros semestrais), dois pós-fixados (Selic 2024 e Selic 2027) e seis IPCA+ (IPCA+ 2026, IPCA+ 2035, IPCA+ 2045, IPCA+ 2030 com juros semestrais, IPCA+ 2040 com juros semestrais e IPCA+ 2055 com juros semestrais).
Há riscos diferentes em cada modalidade?
Lai Santiago diz que é importante entender como as modalidades de Tesouro funcionam, porque o risco varia de uma para a outra. Muitas pessoas acreditam que o pré-fixado é o mais conservador, já que se sabe o quanto vai receber, mas, na verdade, ele é o mais arrojado, porque ele não se atualiza de acordo com a economia.
Por isso, é importante saber em qual momento econômico fazer essa compra e qual expectativa, afirma a analista. "Se você compra um tesouro prefixado com um retorno de 6% ao ano, com a Selic a 2%, seria uma ótima compra. Mas a Selic aumentou bastante, e esse prefixado deixou de ser vantajoso", disse Lai.
Qual é o valor mínimo para investir no Tesouro Direto?
Conforme o site do Tesouro Direto, a modalidade mais barata, em janeiro de 2022, é o Tesouro IPCA+ 2026, com valor mínimo de investimento de R$ 30,19. O mais caro é o Tesouro Selic 2024, com aplicação mínima de R$ 111,49.
É importante ficar atento aos prazos de resgate das modalidades por causa do Imposto de Renda. A alíquota é regressiva, o que significa que, quanto mais longe a data de resgate, menor é o valor cobrado de imposto.
Segundo o próprio Tesouro Direto, as taxas são as seguintes:
- 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20% para aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
- 17,5% para aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias;
- 15% para aplicações com prazo a partir de 721 dias.
Há incidência de impostos sobre os rendimentos financeiros obtidos no resgate antecipado, no pagamento de cupom de juros (o IOF não incide sobre os cupons de juros; somente o IR) e no vencimento dos títulos.
Onde posso investir no Tesouro Direto? Do que preciso?
Para investir no Tesouro Direto é preciso apenas um CPF e uma conta corrente ou poupança em um banco ou corretora financeira.
O investimento pode ser feito diretamente no site do Tesouro Direto (Portal do Investidor), em corretoras ou bancos.
As taxas podem variar de plataforma para plataforma.
Como funcionam os prazos? Posso resgatar antes?
É possível resgatar antes, mas não é o ideal na maioria dos casos.
"O Tesouro Direto foi feito para deixar até o vencimento. Mas existem pessoas que especulam e tentam ganhar nas duas pontas, vendendo antes do prazo final. Ao entrar no título, é importante prestar atenção para não ter prejuízo. Só é vantagem no Tesouro Selic. Em outros casos, há pessoas que perdem dinheiro, mesmo sendo renda fixa", afirmou Rodrigo Friedrich, head de Renda Variável da Renova Invest.
Para o leigo, o mais indicado é ficar até o fim do prazo. Assim é garantido que você terá a rentabilidade escolhida no momento da aplicação.
Preciso resgatar antes. Quanto vou perder?
Depende muito, mas, de acordo com os especialistas, não é o fim do mundo.
"Há esse risco, mas, na maioria das vezes, quando a pessoa resgata antes do vencimento, ela paga um imposto um pouco mais alto, que vai incidir sobre o que rendeu. A pessoa não precisa ficar se martirizando. É melhor usar esse valor do que acionar um serviço de crédito, que costuma ter juros mais altos", explicou Lai Santiago.
"A pergunta é: o que você acha da taxa de juros nos próximos anos? Acha que vai subir? Se subir, não entre no investimento, porque, se resgatar antes, você vai perder dinheiro", acrescentou Rodrigo Friedrich.
O Tesouro Direto tem um perfil específico de investidor?
Não. O Tesouro Direto é considerado um investimento bem diversificado, com diversos perfis.
"Todos os nossos clientes têm Tesouro Direto, sejam carteiras arrojadas ou conservadoras. Em carteiras conservadoras você vai ter um peso maior no pós-fixado, mas todas as categorias de carteiras possuem Tesouro Direto", disse Stefan Castro.
O Tesouro Direto é indicado para reserva de emergência?
Sim, mas apenas na modalidade Tesouro Selic.
"É o mais indicado para isso, por acompanhar a Taxa Selic e ser muito estável. Quando chega a data de vencimento, o valor vai ser devolvido ao investidor, é só pegar o valor e reaplicar no próximo Tesouro Selic que tiver", falou Lai.
E pensando em aposentadoria: o Tesouro Direto é uma boa?
Sim, sobretudo na modalidade IPCA+.
"O IPCA+ não deixa diminuir o poder de compra, protegendo da inflação. Temos um histórico de inflação alta no nosso país. Dessa forma, você estaria protegido. E, também, haveria juros semestrais", disse Rodrigo Friedrich.
Tesouro Direto é um bom investimento em linhas gerais?
Os especialistas consultados foram unânimes: sim.
"É um excelente investimento. Para o risco que ele apresenta, ele tem uma rentabilidade muito interessante, principalmente se você se atenta ao momento econômico. Você pode ter excelentes retornos. Às vezes as pessoas têm expectativas de ganhos muito elevados. Muita gente quer fazer dinheiro da noite para o dia, encontrar uma rentabilidade milagrosa. E essas situações são exceção e envolvem riscos muito altos. No caso do Tesouro Direto, muitas vezes, você tem uma rentabilidade vantajosa. E você tem um risco muito reduzido e controlado", avaliou Lai Santiago.
"É um título que rende muito mais do que a poupança.", disse Stefan Castro.
"Sem dúvida. É um rendimento atrativo e com boa segurança para quem carrega até o fim do investimento", declarou Rodrigo Friedrich.