Imposto de Renda 2025: Como investir pensando em ter isenção no IR


Élida Oliveira
Colaboração para o UOL
20/03/2025 05h30
Acumular patrimônio por meio de investimentos é uma tarefa que exige disciplina e conhecimento sobre os ativos, o que inclui cálculos de rendimento, taxas de administração e cobrança de impostos. Mas dá para simplificar parte desta equação observando quais são as opções entre os investimentos isentos de Imposto de Renda.
Nestes casos, os rendimentos isentos não entram no cálculo da renda bruta anual, que é o montante que será tributado.
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Investimentos isentos de IR
Dá para investir em renda fixa e não pagar imposto. Se o objetivo do investidor é aplicar de forma eficiente para pagar menos imposto, é importante escolher ativos que ofereçam isenção, mas sem deixar de olhar a segurança destes investimentos, de acordo com Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital.
Fundos Imobiliários, LCI e LCA, previdência privada, debêntures incentivadas e poupança são algumas opções. Cada um desses investimentos têm características distintas, que podem atrair investidores diferentes ou serem usadas como forma de diversificação em uma carteira única.
Mas, atenção: não dá para investir pensando só em pagar menos imposto; é preciso avaliar toda a estratégia de acumulação de patrimônio. Entre os pontos a se observar, Bohnet destaca a necessidade de liquidez, ou seja, se o investidor vai precisar ter acesso ao recurso de forma rápida (maior liquidez) ou se dá para segurar por mais tempo (menor liquidez). Além disso, é preciso conhecer a aversão ao risco já que as opções mais arriscadas trazem maior retorno (ou maiores perdas, se houverem). E, principalmente, é preciso conhecer o perfil do investidor.
Características dos investimentos
Fundos Imobiliários trazem renda passiva isenta de IR. Os FIIs (Fundos Imobiliários) costumam distribuir os rendimentos, ou seja, pagam ao investidor uma parte do que os papeis daquele fundo renderam dentro de um determinado período. Com isso, é possível que o investidor tenha sempre um "dinheirinho pingando" na conta, sem que precise pagar imposto sobre o valor.
LCI e LCA têm a segurança do banco que emitiu o papel para captar recursos e do setor no qual estão atrelados. A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são documentos emitidos pelos bancos para financiar o setor imobiliário e o agronegócio. Ao vender esses papéis, os bancos arrecadam valores que depois poderão ser transformados em crédito para negócios destas áreas. Além disso, essas letras têm proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), em investimentos de até R$ 250 mil por CPF e instituição.
Previdência Privada PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) permite deduzir sobre as contribuições até 12% da renda bruta anual. Este tipo de investimento é recomendado para quem tem rendimentos tributáveis (pro-labore, salários, aluguéis) e faz a declaração completa do IR, afirma o diretor tributário da Confirp Contabilidade Welinton Mota. Assim, com a dedução da renda bruta anual, reduz-se também a base tributável, o que gera uma economia no imposto a ser pago. "Para quem não paga IR, é desnecessário investir em PGBL", diz Mota.
Quem tem PGBL e quer abater imposto precisa contribuir também com a Previdência Social. A explicação é do diretor tributário Welinton Mota. "Além de fazer uma poupança para aposentadoria com o PGBL, os pagamentos são dedutíveis do IR, tanto mensal (exceto para autônomos sem vínculo de emprego) como anual. Mas é obrigatório contribuir com a Previdência Social", explica o especialista.
O imposto do PGBL será pago no resgate. Esse benefício do PGBL se limita ao tempo de acumulação - ou seja, antes de retirar o dinheiro. Ao sacar os valores da Previdência PGBL, o imposto será cobrado no resgate e o IR irá incidir sobre o total acumulado, que é a soma das contribuições (depósitos), e sobre os rendimentos.
Na Previdência Privada VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), o imposto pago no resgate incide apenas sobre os rendimentos, e não sobre o total acumulado. Nesta opção de previdência, o imposto sobre as contribuições já é pago ao longo dos anos. Por isso, na hora de sacar, a cobrança incide só sobre os rendimentos. Este tipo de investimento é recomendado para quem faz a declaração simplificada ou já usa o limite de 12% de deduções.
No plano PGBL as contribuições realizadas pelos participantes são dedutíveis do imposto de renda, mas os benefícios futuros serão tributados. Já nos planos VGBL, as contribuições não são dedutíveis do imposto de renda, mas os benefícios futuros são isentos de imposto de renda Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital
Tempo de investimento
Investimentos de longo prazo têm alíquota reduzida de impostos. Por isso é importante conhecer seus objetivos com os investimentos e quais são seus planos de vida, para saber em quanto tempo será preciso resgatar aquele investimento.
A tabela regressiva reduz a alíquota do IR conforme o tempo de aplicação. Se o investimento durar mais de 10 anos, a alíquota será de 10%, a menor possível, explica Bohnert. Veja abaixo o tempo de acúmulo e alíquota do IR:
- Até 2 anos: 35%
- De 2 a 4 anos: 30%
- De 4 a 6 anos: 25%
- De 6 a 8 anos: 20%
- De 8 a 10 anos: 15%
- Acima de 10 anos: 10%
Se o objetivo do investidor for otimizar o pagamento de impostos no longo prazo, combinar PGBL para redução do IR e a tabela regressiva para pagar menos imposto no futuro pode ser a melhor estratégia. Carolina Bohnert