Olá, investidor. Assim como as personagens da série de livros "As Crônicas de Gelo e Fogo", que inspirou a superprodução "Game of Thrones", da HBO, os investidores do mercado cripto parecem temer profundamente a chegada de mais um "inverno". No mercado de criptoativos, a expressão "inverno cripto" é utilizada para se referir a períodos estendidos de forte desvalorização dos ativos. Tal fenômeno costuma ocorrer após os períodos de "halving" do bitcoin (BTC), quando o volume de mineração da criptomoeda cai pela metade, tornando-a mais escassa e impulsionando sua valorização. Dessa vez, contudo, o inverno parece ser um pouco mais rigoroso do que os anteriores, e estabelece um curioso paralelo com a série de livros escrita por George R. R. Martin. No primeiro livro da saga, a trama tem início durante o verão mais duradouro da história da terra fictícia de Westeros, com algumas das personagens mais jovens tendo inclusive nascido durante esse verão. Com o desenrolar da história, descobrimos também que o inverno em Westeros é mais do que um período no qual as temperaturas caem. As personagens mais velhas que habitam a região norte dessa terra fantasiosa, como Ned Stark, senhor de Winterfell, recordam-se constantemente dos perigos que surgem quando o inverno chega. Assim como em "As Crônicas de Gelo e Fogo", o mercado de criptoativos viveu recentemente seu verão mais próspero. Uma conjuntura extremamente favorável, com taxas de juros próximas de zero em boa parte das principais economias do planeta, injeções de quantias bilionárias por bancos centrais ao redor do mundo e busca por ativos ligados a novas tecnologias, como o blockchain, fizeram com que criptomoedas, tokens não fungíveis (NFT, na sigla em inglês) e outros ativos do mercado cripto se valorizassem exponencialmente. Essa série de fatores serviu para impulsionar o já esperado otimismo com o bitcoin durante o último "halving". Para ilustrar a dimensão desse ciclo de alta do mercado cripto, trago o seguinte exemplo: entre janeiro de 2019 e novembro de 2021, o bitcoin saltou de US$ 3.500 para mais de US$ 68 mil —uma valorização de mais de 1.900%. Isso significa que quem investiu US$ 10 mil em bitcoin no começo de 2019 chegou a ter US$ 190 mil em carteira no final do ano passado. O ethereum (ETH), segunda maior criptomoeda do mercado, obteve uma valorização ainda mais impressionante no mesmo período, saltando de cerca US$ 110 em janeiro de 2019 para um recorde histórico de US$ 4.800 também em novembro do ano passado. Essa alta equivale a uma valorização de mais de 4.300%. Mas isso foi antes da chegada do inverno, que chegou para devastar as carteiras de criptoativos dos investidores que entraram enquanto o mercado estava em alta. Cotado a US$ 20,6 mil, o bitcoin ainda tem espaço para cair mais no curto prazo, uma vez que o inverno está longe de terminar. Enquanto o mercado cripto segue em queda, investidores convictos aproveitam para rechear suas carteiras, enquanto aqueles que entraram nessa classe de ativos no calor do momento vendem suas criptomoedas a preço de banana. De qualquer maneira, o momento demanda cautela. Para os novatos que entraram nesse mercado acreditando que as criptomoedas subiriam ad infinitum, fica o conselho dos veteranos: este inverno vai passar, e outros virão depois dele, portanto, se você acredita nos ativos que tem em carteira, mantenha suas posições e espere. Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes UOL, que possuem acesso integral ao conteúdo de UOL Investimentos): informações sobre as demissões na Coinbase, corretora de criptoativos com ações listadas na Nasdaq. Um abraço, Rafael Bevilacqua Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante ********** NA NEWSLETTER A COMPANHIA A newsletter A Companhia analisa se as ações do banco BTG Pactual são boa oportunidade de compra. Elas foram selecionadas por Maria Clara Negrão, analista da Ágora Investimentos, como uma das melhores escolhas no setor financeiro atualmente. Para se cadastrar e receber a newsletter semanal, clique aqui. Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande sua pergunta para duvidasparceiro@uol.com.br. PUBLICIDADE | | |