Em um cenário de juros baixos, com a taxa Selic em 5,5% ao ano, o investidor precisa arriscar mais para conseguir rendimentos mais altos, e a Bolsa é uma das principais recomendações de especialistas. Há um jeito de fazer isso sem precisar comprar ações diretamente: investir em fundos de ações. O investidor não precisa ter conhecimento sobre o mercado acionário, nem acompanhar de perto o desempenho das empresas e seus papéis. Afinal, como funciona esse produto? Dá para investir com pouco dinheiro? Que cuidados tomar? Veja as dicas de especialistas ouvidos pelo UOL. O que são fundos de açõesUm fundo de ações reúne o dinheiro de vários investidores e compra ações de empresas listadas na Bolsa de Valores. Cada fundo tem um gestor, o profissional responsável por estudar o mercado e decidir onde colocar o dinheiro. Em vez de comprar diretamente as ações, você adquire cotas do fundo e deixa a escolha dos papéis nas mãos do gestor. É uma forma de aplicar em um conjunto de ações por um valor que, sozinho, você não conseguiria. Aplicações a partir de R$ 500O investimento inicial varia conforme o banco ou corretora, mas é possível encontrar fundos de ações com aplicação mínima de R$ 500. Em geral, corretoras independentes, ou seja, não ligadas a grandes bancos, costumam oferecer um cardápio maior, com opções mais acessíveis. Renda variável, para o longo prazoApesar de ser uma forma mais simples de investir na Bolsa, é preciso lembrar que os fundos de ações são considerados um investimento de renda variável. Por isso, não dá para saber qual será o rendimento no futuro, ao contrário de aplicações de renda fixa. De forma geral, o investimento em ações deve ser encarado como uma estratégia de longo prazo. "O investidor não deve se deixar abalar por oscilações diárias ou períodos prolongados de queda. Essa é uma característica do produto", disse Betty Grobman, sócia da escola BSG DuoPrata e professora de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da B3 Educação. Conheça os tipos de fundos de açõesNo total, existem 2.195 fundos de ações em operação no Brasil, segundo os dados mais recentes da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Os fundos de ações podem ser: Os indexados têm como objetivo acompanhar o desempenho de um indicador —por exemplo, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira. Os fundos ativos buscam superar determinado indicador. Os mais comuns são os fundos de ações chamados de livres, que não têm compromisso de seguir uma estratégia específica, segundo David Rocha, analista de fundos da Guide. Há também outros produtos, como: - Fundo de ações setorial: investe em ações de empresas de determinado setor
- Fundo de ações de dividendos: investe em empresas que, historicamente, pagam bons retornos (dividendos são parte do lucro que a companhia distribui aos acionistas)
- Fundo de ações de small caps: a maior parte dos recursos é aplicada em papéis de empresas menores, que não estão na lista das mais negociadas na Bolsa
- Fundo de ações sustentabilidade/governança: investe em empresas que têm bons níveis de governança corporativa ou que se destacam em critérios de responsabilidade social e sustentabilidade empresarial no longo prazo
Risco de perda é grandeComo qualquer investimento de renda variável, é bastante arriscado investir em fundos de ações. O dinheiro aplicado está sujeito às oscilações do mercado, ou seja, o preço das ações pode subir ou cair. "A recomendação é que o investidor aloque em ações aquela parte de seus recursos que, em caso de perda, não comprometerá seu padrão de vida e o suprimento de suas necessidades básicas ou cotidianas", afirmou Betty. Além disso, fundos de investimento não têm cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Quais os custos e impostos?Assim como outros tipos de fundos, os fundos de ações cobram, anualmente, uma taxa de administração. A taxa média era de 2,16% ao ano em junho, segundo dados da Anbima. É comum também que os fundos cobrem uma taxa de performance, que serve para remunerar o bom desempenho do gestor. Os fundos de ações pagam, ainda, tributação de 15% sobre os rendimentos, que incide no momento da retirada dos recursos. "As compras e vendas de ações dentro do fundo não são sujeitas à cobrança de IR", disse Rocha, da Guide. Outra vantagem é que os fundos de ações não têm o chamado "come-cotas", cobrança semestral de IR (Imposto de Renda) que incide sobre os rendimentos dos fundos de renda fixa e multimercados. Também não existe a incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Pergunta da semanaA leitora Elisete Dairoldi perguntou como escolher uma boa corretora de investimentos. Escolher a corretora correta é um exercício de cuidado e pesquisa. Primeiramente, é importante conhecer os pontos importantes aos quais o investidor está exposto na escolha da corretora: - Risco de insolvência da corretora: caso a corretora tenha problemas financeiros e venha a ser liquidada, o dinheiro na conta (saldo) pode ser perdido;
- Risco de oportunidade: se a corretora tiver uma oferta de produtos de investimento inadequada, você pode deixar de ganhar uma boa rentabilidade em comparação com outras instituições
- Análise: procure por instituições sérias, pesquise os custos cobrados, verifique a situação financeira das mesmas e evite mudar muito de uma instituição para outra, porque isso pode gerar altos custos.
A resposta é de Thiago Nemezio, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Queremos ouvir você Tem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande um email para uoleconomiafinancas@uol.com.br PUBLICIDADE |  | |