Sexta-feira, 31/01/2025 | | | |  | Bruno Rocha/Estadão Conteúdo |
| Carne, óleo de soja e café: a alta dos preços segundo os supermercados | | | A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) faz um levantamento mensal sobre o consumo nos lares brasileiros. Quando observa somente os preços da cesta dos alimentos básicos, composta por 12 produtos, houve alta de 14,22%, passando de R$ 302,24 em dezembro de 2023 para R$ 345,23 em dezembro de 2024, na média nacional. Na análise por região, a maior alta veio do Sudeste (+17,05%), seguido por Centro-Oeste (+15,76%), Nordeste (+12,15%), Sul (+12,04%) e Norte (+9,94%). As maiores altas no ano foram registradas nos cortes dianteiros de bovinos (+25,25%), café torrado e moído (+39,60%), óleo de soja (+29,22%), leite longa vida (+18,83%), arroz (+8,24%). Já as quedas foram puxadas por cebola (-35,31%), tomate (-25,87%), batata (-12,54%), feijão (-8,58%) e ovos (-4,53%). Os números indicam o factual do Brasil: carne, café e soja são commodities intensamente exportadas e, como atendem em grandes volumes o mercado externo, o consumidor interno acaba pagando mais caro. Também existe o fato de que esses produtos passam por processos de industrialização, diferente dos hortifrútis que ficaram mais baratos e são consumidos, majoritariamente, in natura. Também é interessante reparar no monitoramento recente da Abras sobre a cesta de vegetais, cujos dados começaram a ser levantados em dezembro. Do mês passado para cá, a variação no preço de frutas, verduras e legumes foi de -1,03%. Onde ficou mais caro é onde existe a concentração de agricultura intensiva: Centro-Oeste (+5,38%). As variedades de hortifrúti avaliadas consideram 14 alimentos, entre eles, banana prata, laranja pera, mamão papaia, tomate, batata inglesa, alface crespa, couve e repolho. Em 30 dias, a cesta desses 14 alimentos passou de R$ 74,76 para R$ 78,78, considerando o consumo para uma família de quatro pessoas. Os números acompanhados de análise geográfica dão o diagnóstico já conhecido da pauta de segurança alimentar. O avanço da monocultura e da agropecuária em escala industrial diminui a quantidade de terras para frutas, verduras e legumes, por isso, o preço tende a subir. Vale dizer, ainda, que o Centro-Oeste também concentra os municípios mais ricos do agronegócio, de acordo com lista do Ministério da Agricultura e Pecuária, "onde o rico cada vez fica mais rico" e o pobre tende a ficar com fome. |
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| Publicidade |  | | | De olho no Plano Safra | Nesta semana, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se encontrou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir medidas para o setor agropecuário em 2025. Entre as iniciativas debatidas estão a modernização do Seguro Rural e ações do governo federal para garantir a estabilidade dos preços dos alimentos, que têm subido bastante. Os produtores também querem saber qual será a subvenção para o crédito do Plano Safra 2025/26. No plano Safra 2024/25, a taxa ficou em 10,5% ao ano. | |
| Recorde na proteína animal | A produção brasileira de carne bovina, suína e de aves está estimada em 31,57 milhões de toneladas em 2024. Se o número for confirmado, será o maior já registrado na série histórica da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que teve início em 2018. Para 2025, a expectativa é de que esse volume total se mantenha estável, com uma produção total das três proteínas em 31,56 milhões de toneladas. A produção de carne suína deve subir 3,1%, a 5,53 milhões de toneladas, e a de aves, 2,9%, a 5,31 milhões de toneladas. | |
| | JBS entra no ramo dos ovos | A JBS anunciou nesta semana a entrada em um novo segmento de proteínas. A companhia comprou 50% do controle da Mantiqueira Brasil, a maior produtora de ovos da América do Sul, com 4 bilhões de unidades por ano. A movimentação da JBS acontece em um momento em que o preço da carne bovina no Brasil está em constante elevação, enquanto o consumo de ovo se amplia como alternativa de proteína animal. A Mantiqueira é a décima maior do mundo e exporta para América do Sul, Ásia, África e Oriente Médio. | |
| Retomada das máquinas | O faturamento da indústria de máquinas e implementos agrícolas caiu 19,9% em 2024, segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). A receita com vendas internas diminuiu 20,7% ante 2023, enquanto as exportações caíram 18% no período. Mas a perspectiva é de retomada do crescimento em 2025, com uma alta prevista de 8% em relação a 2024, de acordo com Pedro Estevão Bastos, presidente da câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas da associação. | |
| |  | Wellington Silva, o Nininho, dá aulas de alfabetização em Monte Santo, no sertão baiano | Arquivo pessoal |
| EDUCAÇÃO NA ZONA RURAL | Ministério quer reforçar alfabetização em assentamentos | | Agronomia, agroecologia e medicina veterinária são alguns dos cursos que fazem parte do Pronera, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Criado em 1998, o programa teve orçamento reduzido em 2019, quando a CPN (Comissão Pedagógica Nacional) foi extinta. Em 2023, o orçamento deixado pela gestão anterior era de R$ 5 milhões e, em 2024, o orçamento saltou para R$ 18,9 milhões. A política pública é direcionada a jovens e adultos moradores de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), além de quilombolas, professores e educadores que exerçam atividades educacionais voltadas às famílias beneficiárias. Para 2025, o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) informa ao UOL que a previsão orçamentária é de R$ 48,9 milhões para os cursos ofertados em parceria com as universidades federais. Serão 20 novos cursos com 993 vagas disponibilizadas no âmbito do programa. O objetivo é tentar preencher a lacuna educacional que existe entre moradores de assentamentos que, muitas vezes, embora tenham a terra, não têm letramento e conhecimento técnico para tornar a produção agropecuária rentável. Ao todo, são 1,07 milhão de famílias atendidas pelo Programa Nacional de Reforma Agrária em 9.500 assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra, num total de 88,2 milhões de hectares. As regiões Norte e Nordeste são as mais expressivas em números de assentamento. Não por acaso, uma parceria entre o Incra, o MEC (Ministério da Educação) e a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) estabeleceu o Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação de Educação de Jovens e Adultos nas Áreas de Reforma Agrária no Nordeste. Com isso, a política pública pretende alfabetizar 33 mil pessoas de assentamentos e acampamentos de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. |
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