O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva viajou na semana passada em um jato particular para participar da COP27, conferência do clima realizada no Egito entre os dias 6 e 18 de novembro. Entre as polêmicas relacionadas à participação do presidente eleito, e não do presidente em exercício Jair Bolsonaro no evento, está a ida em um jato particular em vez de um voo comercial. O avião que levou Lula pertence ao empresário José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp e dono da Qsaúde. O modelo é um Gulfstream G600 registrado nos Estados Unidos. Embora tenha havido uma parceria com a companhia aérea estatal Egyptair para oferecer voos com preços menores para a cúpula, foram registrados pousos de ao menos 36 aviões particulares no aeroporto internacional de Sharm El-Sheikh, cidade onde o evento foi realizado. Quanto custaria? Considerando apenas a ida, já que na volta foi feita uma escala não relacionada à COP27, o voo custaria entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, se fosse fretado, segundo empresas do ramo consultadas pelo UOL. Esse valor não reflete necessariamente o gasto do empresário, já que ele é proprietário da aeronave e não seria necessário arcar com o lucro de uma empresa de táxi aéreo e sua operação. Um voo comercial saindo do Brasil no mês de janeiro de 2023 com escala em Dubai (Emirados Árabes Unidos) e no Cairo (Egito) sai por volta de R$ 6.700 na tarifa promocional. A duração é de 32 horas. Esse preço é oferta, mas os valores chegam a R$ 10 mil em grande parte dos voos para aquele mês. Polui mais? É possível dizer que, no geral, voos em aeronaves privadas causam uma poluição por passageiro transportado maior que em voos comerciais. A quantidade de combustível total queimado oscila, entre outros fatores, de acordo com as seguintes variantes: - Tempo de taxiamento
- Potência dos motores
- Tempo para atingir a altitude de cruzeiro
- Altitude de cruzeiro autorizada para o voo (quanto mais alta, no geral, melhor, pois há menos resistência do ar e os motores têm um desempenho mais eficiente)
- Tempo de voo
- Tipo de motor
- Aerodinâmica do avião
No caso do G600, empresas de venda de aeronaves consultadas pelo UOL apontam que ele gasta, em média, de 1.400 litros a 1.700 litros de combustível por hora de voo. Para os cálculos a seguir, iremos utilizar a estimativa de 1.400 litros de combustível consumidos por hora, já que o avião passou grande parte do voo em altitude de cruzeiro, onde o gasto é menor. De acordo com plataformas online de rastreamento de voos, o avião decolou de Guarulhos com destino à cidade egípcia no dia 14/11, cobrindo uma distância de aproximadamente 10.400 km. Ele ficou voando por 11 horas e 45 minutos, aproximadamente, o que representa um consumo de 16.450 litros de combustível. Segundo a Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos - International Air Transport Association, na sigla em inglês), a cada quilo de combustível de aviação queimado são emitidos 3,16 kg de gás carbônico na atmosfera. Com isso, o voo lançou uma média de 4.424 quilos de CO2 por hora de voo, total de cerca de 52 toneladas ao todo. Considerando que o voo levaria até 12 passageiros, seria o equivalente a 4,3 toneladas de emissão por passageiro. Um voo comercial comum, com escala em Amsterdã (Holanda), mesmo voando uma distância maior, emitiria cerca de 1,5 tonelada por passageiro ao todo de acordo com a calculadora de emissões de carbono da Icao (Organização da Aviação Civil Internacional - International Civil Aviation Organization, na sigla em inglês). Caso o consumo médio de combustível tenha chegado a 1.700 litros por hora de voo, cada passageiro seria responsável pela emissão de quase 5,3 toneladas de gás carbônico na atmosfera. |