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Programa de flexibilização quantitativa começará em meio à melhoria da perspectiva econômica na Europa

Stefan Riecher

03/03/2015 12h31

(Bloomberg) - A economia da zona do euro deu um passo na direção certa.

Embora a melhoria das condições nos últimos 30 dias não mude os planos de Mario Draghi para começar a comprar bonds de governos daqui a alguns dias, a prolongada recuperação econômica poderia gerar um debate sobre quando finalizar as aquisições. Por enquanto, os altos-funcionários indicaram que a farra de compras poderia se estender além do cronograma proposto - um resultado menos provável se a desaceleração da queda dos preços e a redução do desemprego na região marcarem o começo de uma tendência.

Em dois dias, Draghi terá uma oportunidade para dar mais detalhes sobre o plano de flexibilização quantitativa de 1,1 trilhão de euros (US$ 1,2 trilhão), que foi anunciado em janeiro em meio a discrepâncias com alguns responsáveis pela política econômica. Depois de uma reunião do Conselho do BCE em Nicósia, ele também apresentará as primeiras previsões de crescimento e inflação do BCE para 2017, cifras importantes para a duração da flexibilização.

"O cenário para a zona do euro parece ser um pouco mais positivo", disse Carsten Brzeski, economista-chefe da ING DiBa, em Frankfurt. "Em algum momento, as previsões de inflação no longo prazo e o compromisso do banco para comprar 60 bilhões de euros em ativos por mês até setembro de 2016 poderiam limitar a flexibilidade do BCE e deixá-lo em uma situação desconfortável".

Os preços ao consumidor na zona do euro, de 19 países, caíram 0,3 por cento em fevereiro, metade do que no mês anterior e menos do que o previsto pelos economistas. O desemprego caiu para 11,2 por cento em janeiro, a menor taxa desde abril de 2012. Embora os dados possam indicar que o pior está passando, a taxa de inflação continua muito longe da meta do BCE, o que constitui mais um argumento a favor do estímulo monetário.

Compras

O começo das compras no programa expandido de aquisições de ativos está agendado já para esta semana. Quando anunciou a flexibilização, em 22 de janeiro, Draghi disse que ela duraria 19 meses ou até que haja um "ajuste contínuo" da inflação para 2 por cento.

Em dezembro, o BCE previu uma inflação de 0,7 por cento em 2015 e de 1,3 por cento em 2016. Draghi disse que as previsões não consideraram plenamente a queda dos preços do petróleo, o que indica que as projeções de crescimento dos preços para este ano serão reduzidas. Ao mesmo tempo, os prognósticos de expansão econômica poderiam ser elevados.

A confiança econômica na zona do euro atingiu em fevereiro o mais alto patamar desde julho. O registro de veículos - um indicador do gasto em costumo - deu em janeiro o maior salto em mais de um ano, e a contração dos créditos bancários para empresas e famílias quase se deteve.

"Por enquanto, é provável que o BCE declare sua disposição a fazer mais se for preciso", disse Ben May, economista da Oxford Economics Ltd., em Londres. "No entanto, a melhoria gradual das condições econômicas e as dúvidas em relação à viabilidade de estender o programa de compras de bonds sugerem que é improvável que o programa de flexibilização seja prolongado no futuro".

Oposição

Uma decisão do tipo seria um alívio para o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, que se opôs à aquisição de bonds de governos, junto com Sabine Lautenschläger, integrante alemã da Comissão Executiva. Ele argumenta que o congelamento da inflação provocado pelos preços do petróleo não requer uma resposta da política econômica. Quando muito, esse fator serve de pequeno estímulo para a economia fraca da região, disse ele.

A lentidão da recuperação foi destacada por um relatório publicado nesta semana, que mostrou que a atividade industrial mal se expandiu em fevereiro devido ao afundamento da produção na França. A Grécia enfrenta um retorno à recessão depois que o governo recentemente eleito do país, sob o comando do primeiro-ministro Alexis Tsipras, se rebelou contra as condições do seu plano de resgate.

"Qualquer saída será orientada por nossa missão com a inflação", disse o membro do Conselho do BCE Boštjan Jazbec, em entrevista de Liubliana, em 29 de janeiro. "A previsão de inflação terá um papel decisivo para definir a saída, mas ainda é muito cedo para falar sobre isso".

Título em inglês: 'Draghi's QE Moves to Starting Line as Economic Outlook Brightens'

Para entrar em contato com o repórter: Stefan Riecher, em Frankfurt, sriecher@bloomberg.net

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