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Riquezas enterradas sob campo de teste de foguetes atraem mineradoras em busca de US$ 27 bi

David Stringer

19/06/2015 14h12

(Bloomberg) - Companhias mineradoras estão procurando tesouros enterrados pela cifra estimada em US$ 27 bilhões na Austrália, ocultos sob o maior campo de ensaio de armas do mundo.

A Área Proibida de Woomera, uma faixa remota do interior da Austrália de tamanho maior do que o estado americano da Pensilvânia, foi bombardeada, detonada e até mesmo atacada com armas nucleares depois de ter sido interditada quase 70 anos atrás.

Como agora a Austrália está levantando restrições, mais companhias mineradoras, entre elas a Teck Resources Ltd. e a Vale SA, estão agindo para procurar ouro, urânio, petróleo e outras commodities valiosas.

A Teck começou a perfurar em maio e os primeiros resultados indicam um potencial depósito de cobre e ouro de importância. A Vale obteve duas licenças de exploração para procurar metais, urânio e terras raras no campo de tiro na Austrália do Sul.

"É um território bastante inexplorado porque foi interditado", disse Richard Schodde, diretor-gerente da assessora em exploração MinEx Consulting Pty, entre cujos clientes está a BHP Billiton Ltd., a maior companhia mineradora do mundo. "Há espaço para duas ou três descobertas de importância".

A BHP e a Fortescue Metals Group Ltd. estão entre as outras empresas com licenças de exploração na área.

As maiores companhias mineradoras

Apesar de que as maiores companhias mineradoras estão reduzindo os orçamentos de exploração para diminuir custos em meio a uma depressão das commodities, os gastos na prospecção de minerais e petróleo na Austrália do Sul saltaram 20% em 2014, segundo o Ministério da Indústria do país.

As empresas apresentaram pedidos de licenciamento para explorar cerca de 19.000 quilômetros quadrados na Área de Woomera desde agosto, quando o governo emitiu normas para facilitar o acesso.

Embora as companhias tenham que evacuar seus locais para permitir testes armamentistas, é possível trabalhar junto aos militares, segundo a Kingsgate Consolidated Ltd. A produtora de ouro é dona de uma das duas minas que atualmente operam na Área de Woomera, permitida conforme as primeiras medidas tomadas pelo governo para abrir o campo.

Pelo menos US$ 35 bilhões australianos (US$ 27 bilhões) em metais são recuperáveis em Woomera e nas áreas circundantes, calculou o governo da Austrália do Sul em maio.

O campo de tiro militar de 122.000 quilômetros quadrados foi declarado área interditada em 1947 e usado para testar bombas nucleares, lançar satélites, monitorar missões espaciais e voar jatos hipersônicos por vários países, entre eles os EUA e o Reino Unido.

Recentemente, a Boeing Co. testou bombas inteligentes com asas de 227 quilos no local, e no ano passado a BAE Systems Plc avaliou o Taranis, um avião de guerra não tripulado que detecta alvos automaticamente. O campo está operando perto da sua capacidade máxima, com cerca de 60 testes ou exercícios por ano, disse o Ministério da Defesa em um comunicado por e-mail.

Quatro zonas

O campo é dividido em quatro zonas. A zona vermelha, de cerca de 9.500 quilômetros, continua estando totalmente interditada. Para acessar a duas zonas cor de âmbar, as companhias mineradoras devem aceitar desocupar projetos ou minas por períodos de até 140 dias por ano, ou até 70 dias por ano.

Na zona verde, as companhias mineradoras podem ser barradas durante um máximo de 56 dias por ano. Nesta zona a força aérea da Austrália testou mísseis de cruzeiro capaz de atingir alvos a até 300 quilômetros de distância durante cerca de duas semanas em 2013.

A princípio, em 2009, a Austrália bloqueou a transação da empresa estatal China Minmetals Corp. para adquirir a OZ Minerals Ltd. por US$ 2,6 bilhões  australianos porque sua mina de cobre e ouro de Prominent Hill fica dentro da Área de Woomera. Depois, a Austrália liberou a venda da maior parte do restante dos ativos da OZ Minerals para a Minmetals. Altos funcionários de defesa continuarão avaliando os riscos para a segurança ligados aos investimentos estrangeiros em mineração, segundo as novas leis.

"Definitivamente o local está mais aberto", disse Ian Finch, presidente executivo da Ironclad Mining Ltd., que possui 7.100 quilômetros quadrados em arrendamentos em Woomera e iniciará uma nova campanha de perfuração neste mês.