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Buffett precisa do Oeste para conectar redes de energia dos EUA

Naureen S. Malik e Harry R. Weber

25/02/2016 09h27

(Bloomberg) -- A Califórnia tem mais energia renovável do que consegue administrar.

Em outras partes dos EUA os estados com energia extra a entregam aos vizinhos quando estes precisam dela. Isso não está acontecendo na região Oeste do país, onde historicamente a cooperação entre as redes elétricas é um problema. O resultado: os fornecedores individuais poderão acabar desligando sua energia extra em vez de enviá-la para outros lugares.

"Dá dor no coração estar na nossa sala de controle e desligar um gerador de energia renovável que forneceria uma eletricidade verde, de custo marginal zero, que poderia ser aproveitada por outras pessoas", disse Steve Berberich, CEO da California Independent System Operator, que administra a rede de energia do estado. "Por quanto tempo querem que isso aconteça?".

A Califórnia e as empresas de energia de propriedade da Berkshire Hathaway de Warren Buffett, incluindo a PacifiCorp e a NV Energy, estão agora em uma missão para acabar com essa forma de pensar o mais rapidamente possível.

Na visão delas, a situação é urgente. A Berkshire Hathaway ligou as duas maiores fazendas solares do país na Califórnia no ano passado e a Apple investiu em outra que abastecerá a empresa por 25 anos. O governador Jerry Brown ordenou que as empresas de eletricidade do estado recebam metade de sua energia de fontes renováveis até 2030. Os impasses precisam ser removidos se a ideia é que a energia renovável flua sem problemas.

Mosaico

As empresas elétricas de todo o mundo vêm melhorando as conexões há anos, enquanto aquelas da região Oeste dos EUA continuam sendo um mosaico de sistemas que não têm a capacidade de negociar as ofertas excedentes rapidamente ao longo de seus limites. Trata-se de um legado de uma crise regional de 15 anos atrás, quando negociantes como a Enron fecharam dutos de gás natural e desativaram a geração de capacidade para reduzir a oferta, o que aumentou os preços da energia a níveis recorde e provocou blecautes. Como resultado, as empresas de energia ainda hesitam em fazer negócios com o chamado Estado Dourado.

O Oeste dos EUA, com recursos renováveis abundantes, é sem dúvida a região do país que mais necessita de colaboração. A Europa, o Japão, o México e a maior parte dos EUA estão intensificando a cooperação para equilibrar as flutuações em áreas mais amplas. Enquanto isso, o Oeste conta com 38 entidades que controlam linhas de energia em uma área maior que a Índia. Esforços de organização passados tiveram um sucesso marginal.

Enviando energia

Empresas elétricas como ITC Holdings e U.S. Grid discutirão o gerenciamento da onda de energias renováveis na conferência energética IHS CERAWeek, em Houston, nesta quinta-feira. No Oeste, a empresa de eletricidade PacifiCorp, da Berkshire, e a rede elétrica da Califórnia criaram há 15 meses um mercado que permite enviar energia eletronicamente por meio de seus sistemas a cada cinco minutos, rápido o suficiente para transferir um aumento súbito de energia eólica entre os estados para um lugar que possa usá-lo. A NV Energy, da Berkshire, ingressou em dezembro.

Isso revigorou os esforços de um grupo de empresas de energia da região Noroeste do país para criar seu próprio mercado, embora a Califórnia e a PacifiCorp estejam tentando atraí-las para o seu, argumentando que elas economizarão dinheiro. A Puget Sound Energy e a Arizona Public Service foram convencidas e entrarão nesse mercado no último trimestre do ano enquanto a Portland General Electric o fará no ano que vem. A Idaho Power está estudando o assunto.

Às vezes a energia renovável que se acumula é tão volumosa que as geradoras precisam pagar às empresas de energia para que a aceitem. Em 2020, a Califórnia poderá forçar 10.000 megawatts -- o equivalente a 10 reatores nucleares -- a permanecerem fora de serviço em alguns momentos, disse Berberich, o chefe da rede da Califórnia.

Berberich tem visitado outros estados em um esforço para convencê-los de que "não é tão perigoso trabalhar conosco", disse ele. "Ainda há algumas pessoas sensíveis em relação à crise energética e muitos não gostam da Califórnia por ser o maior garoto da rua", disse ele.

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