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África do Sul sofre com falta de profissionais qualificados

Ferial Haffajee

04/10/2016 11h24

(Bloomberg) -- Como presidente do First National Bank da África do Sul, Michael Jordaan colocou o banco na era da tecnologia persuadindo os clientes a administrarem suas contas pela internet. Um dos maiores desafios que ele enfrentou foi o de encontrar um número suficiente de desenvolvedores de software.

"Na época, enfrentamos uma escassez severa em TI, especialmente de programadores em linguagens como Java", disse Jordaan, que agora é investidor de risco e está apostando na capacitação de programadores no Project CodeX, que ele ajudou a fundar, em uma entrevista na Cidade do Cabo. "Produtos como despertadores, mapas, jornais e CDs estão se transformando em aplicativos e precisam de programadores para produzi-los."

A falta de pessoal devidamente qualificado e com experiência foi uma dificuldade para as empresas sul-africanas preencherem milhares de vagas, apesar de mais de um quarto dos trabalhadores do país estar desempregado.

A mais recente lista do governo busca de profissionais tem 25 páginas e inclui 37 tipos de trabalhadores, de engenheiros, arquitetos e desenvolvedores de software a soldadores, operadores de atendimento telefônico e tosquiadores de ovelha.

Parte do problema está no sistema educativo que, após o fim do apartheid, há mais de duas décadas, precisou simultaneamente acabar com um legado de padrões baixos para a maioria negra e introduzir um programa focado em tecnologia de ponta, matemática e ciências.

Mão de obra capacitada

Embora a África do Sul tenha sido considerado o 47º melhor lugar para fazer negócios entre 138 países classificados no Relatório sobre a Competitividade Global 2016-2017, do Fórum Econômico Mundial, os sistemas de saúde e de ensino fundamental do país ficaram no 123º lugar, e o sistema de educação superior, no 77º.

Executivos de empresas consultados pelo fórum com sede em Genebra classificaram a mão de obra pouco qualificada da África do Sul como o terceiro fator mais problemático para fazer negócios no país, depois da burocracia governamental e das regulamentações trabalhistas restritivas.

Em 2014, as 26 universidades do país formaram 185.375 alunos, sendo 5.680 engenheiros e 2.667 profissionais em ciência da computação, informou o Departamento de Ensino Superior em seu último relatório de Estatísticas de Educação Pós-Escolar e Capacitação na África do Sul.

O Goldman Sachs e a Investec informaram no mês passado que estão planejando um programa de empregos para colocar 330.000 pessoas por ano em estágios remunerados durante três anos, atendendo a um pedido feito diretamente pelo presidente Jacob Zuma e pelo vice-presidente Cyril Ramaphosa em maio.

Como muitos dos formandos de escolas e universidades não têm a capacitação necessária em uma economia moderna, as instituições educativas precisam repensar seus métodos de ensino, de acordo com Jordaan.

"Ainda ensinamos matérias que foram desenvolvidas com uma economia industrial em mente", disse ele. "A curiosidade não é recompensada, mas a memorização de fatos lhe dará boas notas. No entanto, no mundo moderno todos nós temos acesso aos fatos pelo Google. Nós precisamos de pessoas capazes de solucionar problemas."

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