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Trabalhadores da UE no Reino Unido aguardam normas do Brexit

Stephanie Baker

26/07/2017 13h52

(Bloomberg) -- Quando Gregory Migut conseguiu um emprego na Traditional Norfolk Poultry no ano passado, esse foi o último passo em sua trajetória ascendente de imigrante quase sem dinheiro a gerente de classe média, 12 anos depois de ter deixado a Polônia.

Ele supervisiona 13 fazendas de frangos criados em liberdade, a umas duas horas de Londres, e uma equipe de cerca de 25 pessoas, a maioria poloneses. Ele possui uma casa, onde mora com a esposa e duas filhas, ambas nascidas no Reino Unido.

Em vez de sentir que venceu na vida, ele está preocupado com a iminente saída do Reino Unido da União Europeia, que põe em dúvida sua possibilidade de permanecer no país. Migut é um dos 3 milhões de cidadãos da UE cujo destino dependerá do resultado das negociações, que estão apenas começando, entre o Reino Unido e a UE. A primeira-ministra Theresa May propôs que os cidadãos da UE que tenham morado no Reino Unido durante cinco anos antes de uma data limite não especificada recebam a residência permanente. A proposta não foi finalizada com as autoridades em Bruxelas.

Migut deve se qualificar, mas ele diz que os pensamentos que passam por sua cabeça são os mesmos que perturbam a maioria dos imigrantes da UE que trabalham com ele, muitos dos quais tiveram vários empregos e se mudaram: será que tenho todos os meus contracheques? Quanto isso vai custar? "E se eu não conseguir provar o terceiro ano por algum motivo?", perguntou. "Vai ser estressante para muita gente."

Limitar a imigração foi um dos principais motivadores de muitos dos britânicos que optaram, no referendo de junho do ano passado, por sair da UE. Cerca de 1,3 milhão de cidadãos de países do leste europeu, incluindo 800.000 poloneses, vivem no Reino Unido, resultado do aumento da quantidade de chegadas após a expansão da UE sem visto em 2004, de acordo com estatísticas oficiais.

A eventual saída dos imigrantes da UE significa tempos difíceis para inúmeras companhias britânicas, incluindo a Traditional Norfolk Poultry, uma das empresas que a Bloomberg está monitorando no processo do Brexit. Com sede em terras agrícolas da Ânglia Oriental, a empresa depende muito da mão de obra imigrante para supervisionar a criação e o processamento de mais de 5 milhões de perus e frangos a cada ano. E depende de pessoas como Migut para recrutar e gerenciar trabalhadores que muitas vezes não falam nada ou quase nada de inglês.

"Está ficando cada vez pior. Nós simplesmente não conseguimos encontrar pessoas", disse Mark Gorton, cofundador da empresa. "Não há ninguém para recrutar."

Gorton diz que ele e sua equipe conversam sobre tentar contratar mais britânicos em suas reuniões semanais, mas não conseguem nem encontrar imigrantes do leste europeu suficientes para preencher as vagas.

Ele tenta pagar mais que o salário mínimo ? 7,50 libras (US$ 9,80) por hora ? assim que possível para manter a equipe.

Ele desistiu de exigir que todos os trabalhadores falem inglês, porque tem dificuldades para encontrar funcionários. Sua grande preocupação é dezembro, quando começa o período de maior atividade por causa das festas e ele precisa de mão de obra temporária para produzir perus suficientes para o Natal.

Para entrar em contato com o repórter: Stephanie Baker em Londres, stebaker@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editora responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

©2017 Bloomberg L.P.

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