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Fundo suíço de US$3bi aposta em amêndoa do Himalaia por retornos

Jonas Cho Walsgard

20/10/2017 14h32

(Bloomberg) -- Para descobrir como sair na frente dos mercados às vezes é preciso ir bem longe de Paradeplatz ou Wall Street e talvez chegar ao Butão.

Esse é apenas um dos locais longínquos onde a ResponsAbility se aventurou para elevar suas taxas de retorno. A instituição investe no cultivo de amêndoas nas montanhas do Himalaia, na expectativa de fornecer para fabricantes de produtos como Nutella.

No caso das amêndoas, "70 por cento da produção fica na Turquia", disse Rochus Mommartz, presidente do fundo sediado em Zurique. "Mas os produtores não querem depender das amêndoas da Turquia."

Mommartz já trabalhou como consultor em mais de 40 países em desenvolvimento, ajudando autoridades reguladoras e governamentais com legislação. Hoje, ele leva o fundo de US$ 3,3 bilhões a alguns dos lugares mais pobres do mundo e aposta em empresas praticamente desconhecidas pelo investidor comum.

Os juros baixos e a volatilidade reduzida diminuíram as taxas de retorno nos mercados dos países desenvolvidos. Os investidores cada vez mais optam por produtos passivos, como os fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds ou ETFs).

A ResponsAbility está na outra ponta do espectro, investindo em nações onde o mercado é limitado e não há sequer referência. O fundo compra dívida privada e participações em empreendimentos de finanças, agricultura e energias renováveis, alocando aproximadamente 80 por cento do capital em dívidas e 20 por cento em participação.

Objetivo é o retorno

Não é "filantropia", ele disse. "Estamos em busca de retorno. Se existe necessidade, é bom investimento. É investimento na economia real. Não é investimento em alguns papéis."

Os ativos do fundo são distribuídos entre 550 companhias em quase 100 países, incluindo empreendimentos de pagamentos móveis no Egito, microfinanciamento na Geórgia e castanhas de caju no Togo. Seus maiores clientes são fundos de pensão da Suíça. A meta é um retorno líquido de 15 por cento a 18 por cento nos investimentos em participação no setor agrícola.

A instituição aproveita a demanda por fundos que consideram questões ambientais e sociais. Essas aplicações também podem funcionar como proteção para investidores institucionais por terem baixa correlação com outras classes de ativos, explicou Mommartz.

O "desafio" é sair desses investimentos, relevou.

Em mercados maiores, como Índia e Brasil, a abertura de capital é uma alternativa. Em outros locais, as opções incluem a venda a bancos internacionais em busca de um novo mercado ou a venda a marcas globais de alimentos em busca de integração vertical.

Abastecimento garantido

"Eles precisam da commodity, há interesse estratégico por diversas partes", ele acredita. "Veremos mais disso porque garantir o abastecimento de insumos vem ganhando importância para as empresas."

Entre os principais riscos estão a interferência política e a instabilidade macroeconômica, de acordo com Mommartz, que faz hedge do risco cambial nos fundos de dívida.

"Não fazemos negócio em certos países", como a Somália, em vista do "risco político elevado".

Quem topa apostar no Butão ou Togo não pode ter pressa.

"É preciso paciência", ele disse. "Tem investidor que olha para retorno mensal e liquidez mensal. Não podemos fazer isso."

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