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Maconha entra na mira do setor de bebidas alcoólicas

Kristine Owram

30/10/2017 14h28

(Bloomberg) -- A gigante das bebidas alcoólicas Constellation Brands está fazendo uma incursão no ramo da maconha, decisão que estabelece precedente em um setor que se manteve praticamente à margem do boom da erva no Canadá e nos EUA.

A Constellation pagará cerca de 245 milhões de dólares canadenses (US$ 191 milhões) por uma participação de 9,9 por cento na Canopy Growth, empresa canadense que comercializa produtos de maconha medicinal. O acordo desencadeou a maior alta em quase um ano para a Canopy, que é negociada na Bolsa de Valores de Toronto com o código WEED.

A legalização da maconha no Canadá e em um número cada vez maior de estados dos EUA está abrindo um enorme mercado potencial -- o que coincide com a desaceleração da demanda por bebidas alcoólicas. Ainda assim, a maconha continua sendo proibida na esfera federal nos EUA, razão pela qual as empresas do país devem avançar com cautela.

A Constellation, que tem sede em Victor, Nova York, afirma não ter planos de vender cannabis nos EUA nem em outros mercados enquanto a erva não for legalizada "por todas as esferas do governo". Por enquanto, a empresa se limita a identificar mercados com potencial de crescimento, disse o CEO Rob Sands, cuja empresa comercializa a cerveja Corona, a vodca Svedka e outras marcas.

"O sucesso da nossa empresa é o resultado do foco na identificação de tendências de consumo em estágio inicial, e este é mais um passo nessa direção", disse ele, em comunicado.

O acordo atribui uma avaliação de cerca de 2,5 bilhões de dólares canadenses à Canopy e catapulta a empresa aos mais altos escalões da indústria da maconha. A Constellation também se tornaria a maior acionista da companhia. A ação da Canopy chegou a avançar 23 por cento nesta segunda-feira, para 15,72 dólares canadenses, seu maior salto intradiário desde novembro de 2016.

Como parte do acordo, as empresas colaborarão entre si para produzir bebidas à base de cannabis que possam ser vendidas como produtos para adultos -- mas somente em lugares onde os produtos sejam legais na esfera federal.

Legalização

O Canadá planeja legalizar o uso recreativo da maconha até julho de 2018, mas a oferta inicial de produtos será limitada, disse Bruce Linton, CEO da Canopy. Alimentos e bebidas à base de cannabis não serão permitidos inicialmente.

Nos EUA, por sua vez, 64 por cento da população atualmente deseja eliminar a proibição à cannabis, segundo pesquisa da Gallup divulgada na semana passada. É a margem mais ampla desde que a empresa começou a realizar pesquisas sobre o tema, em 1969, quando apenas 12 por cento da população aprovava.

Oito estados e Washington legalizaram a maconha para uso por adultos. Com isso, um em cada cinco americanos com mais de 21 anos tem permissão para comer, beber, fumar ou vaporizar cannabis - embora a planta continue ilegal na esfera federal. Vinte e um outros estados permitem o uso da erva para fins medicinais. O mercado de cannabis legalizada somou US$ 6 bilhões no ano passado e deverá atingir US$ 50 bilhões em 2026, segundo a Cowen & Co.

O negócio feito pela Constellation inclui garantias que permitirão à empresa duplicar sua participação no futuro. A compra deve ser concluída no terceiro trimestre fiscal da empresa.

--Com a colaboração de Jennifer Kaplan e Jen Skerritt

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