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Escapada de Musk à Espanha mostra que ele pode mudar se quiser

Jeff Green e Dana Hull

22/08/2018 15h41

(Bloomberg) -- Durante cinco dias deste verão no Hemisfério Norte, a Tesla sobreviveu sem a presença de Elon Musk na fábrica. Ele compareceu ao casamento de seu irmão na Espanha e levou os filhos a Belfast para visitar o set de "Game of Thrones".

Quando falou sobre o casamento em uma entrevista concedida recentemente ao New York Times, a viagem foi descrita como um "bate e volta" rápido. Musk lamentou mal ter tido tempo para aproveitar o momento, e o jornal informou que ele chegou duas horas antes da cerimônia e retornou à fábrica de Tesla logo em seguida. (A Bloomberg News coletou os detalhes da viagem dos tweets e dados de voo de Musk.)

A descrição dos acontecimentos condiz com o discurso de Musk sobre seu papel na Tesla, onde ele é cofundador, CEO, principal acionista e - segundo ele - essencial para manter a empresa funcionando. Agora, resta saber se ele conseguirá seguir o exemplo de predecessores, como Steve Jobs, e aprender a mudar - e, caso não consiga, se o conselho da Tesla está disposto a fazer algo a respeito.

"É uma questão muito delicada", disse Fred Foulkes, professor da Escola de Negócios Questrom, da Universidade de Boston, destacando o nível de sucesso que a Tesla teve até o momento sob o comando de Musk. "O cara vale bilhões e é o fundador, e você sucumbe a alguém assim com o passar dos anos. Existe muito sucesso por trás de um desenvolvimento que é notável. Então isso é algo realmente desafiador para o conselho."

Profissionais da área médica e especialistas em administração consultados pela Bloomberg se recusaram a especular sobre o estado mental de Musk por questão de ética. Representantes da Tesla e de sua diretoria não responderam imediatamente aos pedidos de comentário para esta reportagem.

Desafio de controle

A participação acionária de quase 20 por cento de Musk faz com que controlá-lo seja um desafio. Abrir mão do poder é difícil para um CEO fundador, disse Victor Bennett, professor assistente da Escola de Negócios Fuqua, da Universidade Duke, que estudou se os CEOs fundadores são bons administradores. Mas o futuro de uma empresa depende da distribuição de responsabilidades para além de uma única pessoa, disse ele.

"Uma das grandes virtudes de delegar é que a organização se torna menos suscetível a qualquer uma de suas partes", disse Bennett.

O bem-estar de Musk causou preocupações quando o CEO foi citado no New York Times dizendo que recorre de vez em quando ao remédio Ambien para dormir. O New York Times citou fontes anônimas dizendo que o conselho receia que o uso do Ambien possa contribuir para os tweets excêntricos de Musk. Em julho, ele acusou um crítico de ser pedófilo. Em 7 de agosto, afirmou que estava preparado para fechar o capital da Tesla a US$ 420 por ação. Musk disse ao New York Times que ninguém tinha lido o infame tweet em que ele afirmou que contava com "financiamento garantido" antes da publicação.

O papel que o conselho deveria desempenhar em relação à saúde e ao bem-estar de um CEO continua indefinido. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA não fornece requisitos específicos para a divulgação de informações sobre a saúde, e cabe aos conselhos determinar se as informações são "relevantes" para os investidores.

Elon Musk@elonmuskA little red wine, vintage record, some Ambien ... and magic!

Sent via Twitter for iPhone.

View original tweet.

--Com a colaboração de Cynthia Koons e Tommaso Ebhardt.

Repórteres da matéria original: Jeff Green em Michigan, jgreen16@bloomberg.net;Dana Hull em São Francisco, dhull12@bloomberg.net

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