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Califórnia precisa de mais baterias baratas para zerar carbono

Naureen S. Malik e Mark Chediak

28/08/2018 12h51

(Bloomberg) -- A iniciativa da Califórnia de usar apenas eletricidade livre de carbono depende de uma grande aposta -- de que o custo da bateria cairá.

O Legislativo deve votar nesta semana um projeto de lei que exige que a geração de energia venha inteiramente de fontes limpas, como a eólica e a solar, até 2045. Mas sem baterias baratas isso pode elevar os preços da energia. O motivo é que a lei poderia decretar o fim das usinas elétricas movidas a gás natural, que atualmente respondem por cerca de um terço da geração de eletricidade do estado e são essenciais para manter a estabilidade da rede.

A Califórnia precisaria instalar mais de 200 vezes a capacidade de armazenamento de energia atual para compensar a perda das usinas a gás, segundo a Clean Air Task Force, uma organização sem fins lucrativos voltada à política energética que tem sede em Boston. As usinas de gás oferecem uma produção de energia estável e são capazes de reagir rapidamente quando há restrições de oferta. A disponibilidade de fontes renováveis pode ser intermitente, o que torna fundamental a capacidade de armazenar energia.

"Isso pode acontecer, mas é um risco", disse Toby Shea, analista do Moody's Investors Service em Nova York. A completa eliminação do gás "exigirá que o custo das baterias continue caindo fortemente".

Os defensores do projeto dizem que a energia solar e a energia eólica já competem em preço com os combustíveis fósseis e que os custos deverão cair ainda mais. Além disso, a proposta permite que o estado atinja a meta com uma matriz limpa, incluindo grandes represas hidrelétricas. O autor do projeto, o senador estadual da Califórnia Kevin De Leon, disse que os críticos previram diversas vezes que as iniciativas de energia limpa elevariam os custos.

"Eles estavam errados", disse De Leon, democrata, em comunicado. "A Califórnia tem a economia de mais rápido crescimento dos EUA -- e o setor de empregos de mais rápido crescimento em nossa economia está na energia limpa."

A medida deixa claro, disse, que o estado só começará a gerar toda a sua energia a partir de fontes limpas se puder fazê-lo de forma econômica.

As energias renováveis já estão se aproximando do gás como fonte dominante de eletricidade do estado. Em determinados momentos, gera-se tanta energia solar e eólica que a oferta excedente faz os preços caírem a níveis negativos, forçando a operadora da rede elétrica -- e os consumidores -- a pagarem para reduzir a produção. As usinas movidas a gás estão sendo esmagadas pelos preços baixos e a rede tem precisado fechar contratos para manter algumas delas funcionando para que as luzes continuem acesas.

Para atingir a meta de 100 por cento de energia renovável na Califórnia, seriam necessários 36,3 milhões de megawatts-hora de armazenamento de energia, supondo que a meta seja atingida basicamente por meio de energia eólica e solar, segundo a Clean Air Task Force. O número contrasta com a capacidade de armazenamento disponível no estado, de 150.000 megawatts-hora, incluindo usinas hidrelétricas de bombeamento, segundo o grupo.

--Com a colaboração de Christopher Martin.

Repórteres da matéria original: Naureen S. Malik em Nova York, nmalik28@bloomberg.net;Mark Chediak em San Francisco, mchediak@bloomberg.net

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