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O enclave de US$ 4,4 bilhões em Hong Kong que custou US$ 41.000

Venus Feng e Frederik Balfour

28/08/2018 14h56

(Bloomberg) -- A família Kadoorie está provando que no mercado imobiliário de Hong Kong tudo é possível.

Ao transformar uma encosta estéril em uma riqueza multibilionária, eles mostraram do que a perseverança silenciosa é capaz em um mundo que cria cada vez mais milionários impetuosos da noite para o dia.

A inclinação dos Kadoorie para segurar e cuidar de seus bens permitiu que acumulassem uma série de ativos considerados troféus, desde o hotel The Peninsula até o Peak Tram, o funicular de 125 anos da cidade. Agora, cálculos da Bloomberg baseados em estimativas de três corretores independentes revelam que o valor combinado de um amontoado de propriedades residenciais na Península de Kowloon, pertencente à família há mais de 80 anos, pode chegar a US$ 4,4 bilhões, elevando o patrimônio líquido de Michael Kadoorie a US$ 11,3 bilhões e transformando-o no sexto homem mais rico de Hong Kong, atrás de Henry Cheng e Raymond Kwok.

A história deles no Extremo Oriente remonta à década de 1880, quando Sir Elly Kadoorie e seu irmão mais velho, Ellis, judeus iraquianos de Bagdá, chegaram a Hong Kong para trabalhar para os Sassoon, outra importante família da diáspora judaica de Bagdá.

Posteriormente, eles montaram uma corretora que permitiu a eles levantar participações em hotéis, bancos e instalações de geração de energia. Em 1922, Ellis morreu solteiro, deixando para Elly a tarefa de levar o nome da família. Em 1931, ele teve visão ao comprar um grande lote de terra perto de Mong Kok. O custo foi de 326.000 dólares de Hong Kong (US$ 41.530), ou cerca de US$ 200.000, com base no câmbio com o padrão-prata da época, e não havia muito por lá, com exceção de algumas árvores. Hoje, a área é um oásis verdejante, a pouca distância de um dos bairros mais densamente povoados da Terra. Isso é algo normal em Hong Kong, onde a desigualdade de riqueza é imediatamente visível. Os preços das residências aumentaram 167 por cento na última década, o que a transformou na cidade menos acessível do mundo.

O plano original era se desfazer das casas à medida que fossem concluídas, mas em 1935, como haviam sido vendidos apenas dois lotes, a família decidiu arrendar as propriedades e continuar construindo ao longo do tempo. Em 1941, haviam sido construídas 34 casas, e elas foram ocupadas durante a guerra pelo exército japonês -- que não pagou aluguel -- enquanto a família de Elly ficou confinada.

A construção recomeçou depois da guerra e, atualmente, imponentes casas brancas espreitam por trás de paredes altas e cheias de buganvílias. A Kadoorie Estates abrange oito hectares e cada uma das 85 residências independentes (mais um escritório de administração) tem seu próprio jardim, alguns com piscina. Há também 39 apartamentos da era colonial.

As propriedades são o lar de um misto de indivíduos corporativos e ricos, além de algumas celebridades da mídia e da música (Andy Lau, um ator e cantor de Hong Kong, mora lá). Muitos inquilinos são moradores de longa data; em alguns casos, o tempo de ocupação deles supera os 30 anos.

"O aluguel médio dessas casas era de 100.000 a 200.000 dólares de Hong Kong há sete ou oito anos", disse Nick Colfer, diretor do family office dos Kadoorie, o Sir Elly Kadoorie & Sons. Agora, é de cerca de 300.000 dólares de Hong Kong.

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