Aston Martin avança para abertura de capital antes do Brexit
Benjamin D. Katz e Ruth David
29/08/2018 15h29
(Bloomberg) -- A Aston Martin, marca sinônimo do espião britânico James Bond, se prepara para vender ações em Londres após vários anos de recuperação.
A fabricante de carros esportivos britânica que ganhou fama em filmes como "007 Contra Goldfinger" e "007 - Operação Skyfall" alcançaria uma avaliação de cerca de 5 bilhões de libras (US$ 6,4 bilhões) -- aproximando-se dos múltiplos da Ferrari. A decisão final sobre a continuidade da operação sairá no mês que vem, informou a empresa controladora Aston Martin Holdings (UK) nesta quarta-feira, em comunicado.
A oferta permitirá que os acionistas da fabricante de veículos embolsem um possível retorno de 10 vezes -- meses antes de o Reino Unido deixar a União Europeia. A fabricante de veículos em si não levantará recursos. A Aston Martin usará seus próprios ganhos para pagar os investimentos planejados em carros elétricos e dobrar a produção para cerca de 14.000 carros por ano.
Embora a indústria automotiva britânica seja um dos setores mais expostos a possíveis barreiras comerciais pós-Brexit, a saída da União Europeia não teve grande influência nos cálculos para o IPO, disse o diretor financeiro Mark Wilson.
"O Brexit é simplesmente uma lombada na pista", disse Wilson, por telefone. "A Aston Martin existe há 105 anos e, nesse período, viu muitas perturbações."
A Aston Martin, que é controlada pela Investindustrial Advisors, com sede em Londres, e pela Kuwaiti Investment Dar, informou que os investidores existentes venderão pelo menos 25 por cento das ações da empresa na Bolsa de Valores de Londres. A Ford Motor vendeu a fabricante em 2007 por 480 milhões de libras.
Nenhum investidor planeja deixar completamente a empresa e a Daimler, a fabricante da Mercedes-Benz, que tem uma participação de 4,9 por cento sem direito a voto, planeja manter sua fatia.
Ferrari, Hermès
A exemplo da Ferrari, a Aston Martin, que tem sede em Gaydon, na Inglaterra, se vê como uma empresa de luxo capaz de atrair avaliações mais elevadas semelhantes às de empresas como Hermès International e Canada Goose Holdings, disse Wilson.
"Claramente, há uma excelente comparação possível com a Ferrari", disse o executivo. "Vamos buscar uma operação premium."
Assim como a rival italiana, a marca britânica foi além dos carros, fazendo experiências com iates e apartamentos no estilo Aston Martin e abrindo uma loja no distrito comercial londrino de Mayfair, onde vende camisas e carrinhos de bebê de grife a clientes ricos.
A Ferrari é negociada em cerca de 36 vezes os lucros estimados de 2018, contra um múltiplo de cerca de 7,3 vezes dos membros do índice Stoxx Europe 600 Automobiles & Parts. A Hermès é avaliada em 49 vezes as estimativas e a Canadá Goose em 66 vezes. A LVMH, outra marca mencionada por Wilson, tem múltiplo de 26 vezes.
A Aston Martin também anunciou nesta quarta-feira que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização subiu 14 por cento no primeiro semestre, para 106 milhões de libras. A empresa dependerá dessa capacidade de lucrar para financiar sua expansão.
Repórteres da matéria original: Benjamin D. Katz em London, bkatz38@bloomberg.net;Ruth David em London, rdavid9@bloomberg.net