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Batalha do Facebook na Alemanha prejudica integração do WhatsApp

Aoife White, Stephanie Bodoni e Stefan Nicola

07/02/2019 15h17

(Bloomberg) — O Facebook está virando saco de pancada dos órgãos regulatórios da Europa, justamente no momento em que tenta ampliar o valor de sua lucrativa publicidade direcionada combinando os dados dos usuários com os serviços Instagram e WhatsApp.

A autoridade antitruste da Alemanha ordenou na quinta-feira que a rede social interrompa o monitoramento de usuários alemães na internet fora de seu próprio website, a menos que peça consentimento para a coleta e o uso de dados. O escritório federal de combate a cartéis do país afirmou que o Facebook precisará que cada usuário autorize a vinculação de suas contas do Facebook com os dados do Instagram e WhatsApp, ou terá que manter os dados separados.

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"É a primeira vez que um órgão regulador impõe uma restrição à possível integração do WhatsApp e do Instagram ao Facebook", disse Aitor Ortiz, analista da Bloomberg Intelligence. "Isto poderia ser replicado em toda a Europa por outros órgãos reguladores."

As batalhas jurídicas do Facebook na Europa ganharam velocidade nos últimos 12 meses, impulsionadas pelas preocupações com notícias falsas, conteúdo ilegal e violações de dados. Além do escrutínio feroz dos órgãos reguladores da privacidade, agora a empresa enfrenta a atenção dos órgãos reguladores antitruste, que podem cobrar multas maiores e solicitar mudanças corporativas.

O ministro da Justiça da Alemanha disse que a decisão do Facebook é "uma tentativa de criar um monopólio" que gera questionamentos antitruste e de privacidade. O órgão regulador de privacidade de dados da Irlanda, encarregado das investigações sobre privacidade envolvendo o Facebook na Europa, fez um "pedido de informações urgente" no mês passado e afirmou que "examinará os planos do Facebook muito atentamente à medida que se desenvolvam".

A vinculação de dados de usuários do Facebook com a navegação na internet é importante porque ajuda o Facebook a saber em que as pessoas estão interessadas e o que elas compram, informações que tornam seus anúncios particularmente valiosos. A empresa registrou US$ 13 bilhões em receita com publicidade na Europa no ano passado. Quando começou a operar na Europa, há mais de uma década, os órgãos reguladores de proteção de dados não tinham nenhum poder. A situação mudou quando as editoras começaram a reclamar da perda de receitas com anúncios para empresas on-line e quando a privacidade se transformou em motivo de polêmica.

A popularidade do Facebook — antes enaltecido pelo poder de retenção de usuários na rede — agora virou parte do problema. Os russos usam predominantemente o VK para suas necessidades de rede social, e os chineses se conectam ao WeChat, mas há poucas alternativas viáveis ao Facebook na Europa, onde a empresa conta com 282 milhões de usuários diários ativos. O Instagram, sua rede baseada em fotos, e o WhatsApp, seu serviço gratuito de mensagens, são muito populares na região, e no mês passado a empresa anunciou o plano de combinar suas várias plataformas de mensagens.

Na Irlanda, onde o Facebook mantém sua base europeia, a comissão de proteção de dados já abriu sete investigações contra a empresa tendo por base o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da União Europeia (RGPD), o que pode resultar em multas pesadas. Em janeiro, o Google foi multado pela autoridade de privacidade francesa em 50 milhões de euros (US$ 57 milhões), um recorde. A reguladora da privacidade da Irlanda, Helen Dixon, afirmou neste mês em entrevista que esta não será a última multa do tipo.

Repórteres da matéria original: Aoife White em Bruxelas, awhite62@bloomberg.net;Stephanie Bodoni em Luxemburgo, sbodoni@bloomberg.net;Stefan Nicola em Berlim, snicola2@bloomberg.net

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