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Exportação de soja atinge recorde apesar de acordo China-EUA

Tatiana Freitas

06/05/2020 14h34

(Bloomberg) -- Os embarques de soja do Brasil, maior exportador global, subiram para nível recorde, o que ameaça frustrar as esperanças de agricultores dos Estados Unidos de aumentar as exportações por meio do acordo comercial com a China.

A alta do dólar em relação ao real, além da supersafra, aumenta a competitividade do Brasil em meio à forte demanda, principalmente da China. Os embarques somaram 34,5 milhões de toneladas até abril, um recorde para os primeiros quatro meses do ano, segundo dados preliminares do Ministério da Economia. As exportações para a China deram um salto de 28,5%.

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O real, moeda com pior desempenho neste ano em uma cesta monitorada pela Bloomberg, eleva a receita de agricultores, além de ser um incentivo para que vendam a produção.

Agricultores e traders brasileiros encontraram importadores dispostos a assegurar pedidos em meio a preocupações de cortes nas cadeias de suprimentos globais por causa do surto de coronavírus.

O resultado: embarques recordes nos últimos meses e compromissos de exportação até o segundo semestre de 2021, de acordo com Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil. As margens da gigante agrícola dos EUA no mercado brasileiro se beneficiaram das condições favoráveis para as exportações, disse em entrevista à Bloomberg.

Nem mesmo um crescimento das compras de soja norte-americana pela China, com o objetivo de cumprir os compromissos da fase 1 do acordo comercial, é visto como ameaça.

"Não acredito que teremos um problema de perda de demanda porque a soja brasileira é muito competitiva", afirmou Sousa. A China pode aumentar as compras de produtos de maior valor agregado dos EUA para cumprir o acordo, como carnes. As promessas de compra de produtos dos EUA devem se basear em "condições de mercado" -- e estas levaram o país asiático a dar preferência ao Brasil neste ano até agora.

O Brasil tornou-se um forte competidor em uma base contínua, segundo Darren Cooper, economista sênior do International Grains Council (IGC), em Londres. Grandes safras e melhorias na logística, principalmente no transporte para os portos do Norte, permitiram que exportadores brasileiros exportassem "quantidades consideráveis" durante o período que costumava ser associado com o pico da temporada de venda dos EUA, que vai de setembro a fevereiro, disse.

Agricultores dos EUA estão na metade do período de plantio. Já o Brasil está na fase final de colheita de uma safra recorde, o que deu ao país ao título de maior produtor do mundo, superando novamente os EUA. Mas a continuidade do forte ritmo das exportações dependerá da disposição da China de intensificar as compras de soja dos EUA.

"No momento, os suprimentos brasileiros ainda são muito competitivos, especialmente devido à fraqueza da taxa de câmbio em relação ao dólar", disse Cooper. "E muitos processadores chineses estão bem cobertos até o final de agosto."

©2020 Bloomberg L.P.

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