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Grécia se prepara para reabertura de bancos e novas regras de imposto

Remei Calauig

De Atenas

19/07/2015 14h35

Uma semana depois do acordo entre Grécia e a zona do euros, os bancos gregos abrirão amanhã, embora ainda com muitas restrições, e estreará a nova formação do governo, fruto das dissidências internas em Syriza.

Após mais de 20 dias fechados, os bancos reabrirão para permitir algumas operações nos guichês, como o pagamento de cotas e créditos de todo tipo, por exemplo, dívidas ao Estado, a empresas públicas, aos fundos de previdência estatais ou a seguros privados.

O acesso a dinheiro vivo através dos caixas eletrônicos continuará a ser de 60 euros diários, mas com a novidade de que será permitido o saque de uma só vez de 420 euros por semana.

Os gregos terão acesso aos seus depósitos e aos caixas-fortes, e poderão descontar cheques, incluídos os que venceram durante o período de feriado bancário.

As operações para o exterior continuarão a ser muito limitadas, mas pais que tenham filhos estudando fora poderão transferir até cinco mil euros por trimestre e quem tiver que pagar despesas médicas poderão dispor de até dois mil euros.

Amanhã também será um dia em que a Grécia pagará uma parcela de suas dívidas com os credores.

O país receberá da zona do euro 7 bilhões, destinados a cobrir suas necessidades mais imediatas, como o pagamento de 3,5 bilhões e de sete bilhões mais juros ao Banco Central Europeu (BCE).

Pode ser que Atenas aproveite também este montante para pagar o 1,5 bilhão ao FMI que venceu em 30 de junho, que correspondiam a todas as parcelas que venceram mês passado.

A recapitalização e o saneamento das entidades bancárias gregas é um dos pontos de destaque do terceiro pacote de ajuda ao país, que ainda deve ser negociado entre as partes. Cálculos estimam que seria necessário até 25 bilhões de euros para recapitalizar os bancos.

O jornal "Kathimerini" publicou hoje que a prioridade do sistema bancário agora é restaurar a liquidez, pois apesar de os bancos não correm risco de fugas de depósitos por causa da imposição do controle de capitais, o desafio agora é conseguir dinheiro novo.

Desde novembro de 2014 os depósitos diminuíram aproximadamente 50 bilhões de euros, mas grande parte deste dinheiro está no país.

A abertura das entidades foi possível pela decisão do BCE na quinta-feira de elevar em nove bilhões de euros o financiamento de emergência a que os bancos gregos podem recorrer.

A aprovação no parlamento do primeiro pacote de medidas foi avaliada positivamente pela zona do euro, mas implicou para o primeiro-ministro, Alexis Tsipras em uma remodelação de governo, após as dissidências mostradas por uma parte de seu partido, o Syriza.

O custo político de assinar o princípio de acordo significou a ruptura com a corrente radical do partido e a saída de um de seus representantes, o ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, assim como de ministros adjuntos que, como ele, votaram contra as reformas.

Amanhã o novo Executivo começará a trabalhar, com mudanças que se resumiram na substituição dos membros contrários ao acordo, pois Tsipras deixou claro que sua prioridade imediata é a negociação do terceiro resgate e para isso quis se rodear de colaboradores fiéis que não criem obstáculos ao processo.

Algumas vozes na Grécia falam que uma vez pactuado o novo programa, Tsipras poderia convocar eleições. O ministro do Interior, Nikos Voutsis, apontou setembro ou outubro como possíveis datas.

Para mostrar que está levando as reformas a sério, amanhã entrarão em vigor as mudanças no regime do IVA, o imposto de valor agregado.

Os remédios, os livros e o teatro estão na faixa de tarifa superreduzida de 6%; os alimentos, os hotéis, a energia e a água na de 13%; e em 23% todos os outros setores.

A aplicação das novas regras do imposto só será adiada para as ilhas, que têm reduções de até 30% nos juros - até o fechamento da temporada, no início de outubro.