Dólar já acumula elevação de 17% no ano ante o real
O dólar comercial acumula em 2024 uma alta de 17,07% ante o real, segundo a consultoria Elos Ayta. Nesta terça-feira (2), a moeda americana teve o sexto dia consecutivo de valorização, com alta de 0,22%, vendido a R$ 5,6652 no fechamento do mercado. Na máxima do dia, no início da tarde, a moeda americana chegou a atingir os R$ 5,700, mas perdeu força ao longo do pregão.
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Na Bolsa, o Ibovespa começou o dia em alta firme, mas também teve perdeu o ritmo. No fim, fechou em oscilação positiva de 0,05%, aos 124.787 pontos.
A rixa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central brasileiro, chefiado por Roberto Campos Neto, comentários do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, sobre inflação e os rumos dos juros, e dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos foram os fatores que pressionaram o dólar nesta sessão.
O que está acontecendo nos EUA?
A abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos aumentou para 8,140 milhões em maio. Os dados são do relatório publicado nesta manhã pelo Departamento do Trabalho americano. O número de abril, por sua vez, foi revisado para baixo, de 8,059 milhões para 7,919 milhões.
O total surpreendeu os analistas, que esperavam desaceleração para 7,8 milhões. "Isso mostra que o mercado de trabalho ainda está aquecido e que a decisão de corte de juros pode ficar só para o final do ano", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. Com mais empregos, os americanos gastam mais e os preços sobem.
Por isso, Powell afirmou que o Fed ainda precisa de mais dados antes de cortar os juros. A autoridade americana disse que, para ter certeza que as recentes leituras de inflação moderadas fornecem uma imagem real do que está acontecendo, ainda precisa de mais informações.
A medida favorita de inflação do Fed, em maio, mostraram que os preços não aumentaram na base mensal. A taxa anual desacelerou para 2,6%, ainda acima da meta de 2% do banco central, mas em queda.
Queremos apenas entender que os níveis que estamos vendo são uma leitura real do que está realmente acontecendo com a inflação subjacente. Queremos estar mais confiantes e, francamente, como a economia dos Estados Unidos é forte, temos a capacidade de levar nosso tempo.
Jerome Powell, presidente do Fed
Isso faz o dólar subir no mundo todo
O dólar tem se valorizado, recentemente, contra boa parte das moedas ao redor do mundo, em especial as de economias emergentes. "A principal razão da alta tem origem nas vacilações do Fed (Federal Reserve, banco central ao americano) em definir quando iniciaria os cortes na taxa de referência e o ritmo desses cortes", escreveu José Paulo Kupfer, colunista do UOL.
Enquanto os juros nos Estados Unidos continuarem altos, o dinheiro do mundo todo corre para lá. Os juros dos EUA são a aplicação mais segura do planeta e estão pagando bem. "O problema é que os dados da economia americana estão inconclusivos", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. Ou seja, há informações que, por um lado, ajudariam na queda dos juros e outras, que puxam no sentido contrário.
Nesta segunda-feira (1), no mercado americano, as taxas de juros futuros registraram forte alta, colaborando para a elevação do dólar em todo o mundo. A perda do real brasileiro, no entanto, é maior do que quase todas as moedas de economias emergentes.
Por aqui, continua a briga Lula x BC
Nesta manhã, Lula voltou a criticar a atuação do BC em relação à subida da taxa de câmbio. Disse que o governo precisa tomar alguma atitude para conter a escalada da moeda americana.
O presidente deu uma entrevista logo cedo à Rádio Sociedade, da Bahia. Lula afirmou que há um jogo especulativo contra o real.
Para o presidente, "não é normal" o que está acontecendo. Lula disse que pretende em breve realizar um encontro para debater o assunto.
Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação.
Presidente Lula
Nós temos que fazer alguma coisa. Eu não posso falar porque se não estaria alertando meus adversários. Eu tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira, vou ter uma reunião.
Nos últimos 60 dias, nos meses de junho e julho, Lula fez ao menos 14 comentários públicos sobre política fiscal e monetária, em 10 diferentes dias. Criticou a autonomia do Banco Central, atacou o presidente da autarquia e colocou em dúvida a intenção do governo de cortar gastos, entre outros assuntos que afetam o humor do mercado.
Raquel Landim, colunista do UOL, diz que o BC tem independência. "A finalidade é que essa instituição seja técnica. O que acontece com essas falas do presidente Lula? Conforme ele coloca em dúvida a credibilidade da instituição, o dólar vai subindo", disse ela no UOL News, o programa em vídeo do portal. Segundo ela, essas falas do presidente deixam claro que ele influenciaria as ações do próximo presidente do BC.
Lula também disse que Campos Neto tem "viés político" e que esse perfil não deveria dirigir a instituição. Para o colunista do UOL Leonardo Sakamoto, Campos Neto não esconde isso. "Fica claro que se o Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo] for candidato a presidente da República, o Campos Neto vai ser o seu candidato a ministro da Fazenda", diz o colunista.
Disputa é inadequada para os cargos. Segundo Sakamoto, falta republicanismo tanto para o presidente da República quanto para o do Banco Central.
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