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AgroBrasília vê faturamento cair após delação contra Temer

22/05/2017 22h10

São Paulo, 22 mai (EFE).- Como impacto das delações de um dos donos do grupo JBS, Joesley Batista, acusando o presidente Michel Temer de dar aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha, a feira de negócios agropecuários AgroBrasília faturou menos do que poderia, informou a organização do evento à Agência Efe.

"Tivemos um crescimento, mas a feira teria dado um salto violento, não fosse esse problema político", disse o coordenador da feira, Ronaldo Triacca, revelando que a movimentação de capital na feira chegou a pouco mais de R$ 700 milhões, 20% a mais do que em 2016.

"Algumas empresas multinacionais paralisaram os pacotes promocionais que estavam sendo oferecidos por causa da alta do dólar, o que impactou mais a venda de insumos agrícolas, do que máquinas e equipamentos", acrescentou.

Segundo Triacca, o produtor que foi para a feira com planejamento de compras as efetuou, mas não se comprometeu com dívidas para o futuro.

"Os produtores do Cerrado vão dar uma freada e esperar para tomar decisões na próxima safra. Com a alta do dólar, o lado bom é que alguns fecharão negócios mais rentáveis, mas outros sofrerão com o aumento do preço dos insumos", explicou.

O primeiro efeito pós-delação de Joesley foi a queda de 10% do índice Ibovespa, da bolsa de valores de São Paulo, na última quinta-feira, e os agricultores, que também se pautam pelo dólar, deixaram de fechar alguns negócios já previstos em espaços como o da AgroBrasília.

"Depois do escândalo, a JBS enfraquece, e isso vai refletir no setor de maneira muito drástica", argumentou o produtor agrícola da região de Formosa (MG), Alan Baron.

"A gente vem de um cenário de colheita recorde de safra este ano, mas com rentabilidade menor, tendo em vista que compramos insumos com dólar em alta", destacou o produtor, que esteve na feira e reclamou da insegurança de produção enfrentada no último ano por causa da crise política e econômica.

Para algumas das 400 empresas presentes na feira, a crise política não prejudicará o lançamento de produtos para que os produtores consigam atravessar a instabilidade. Entre as apostas que elas fazem está a de aproximação com os agricultores através de uma consultoria gratuita que gere engajamento, além de programas de pontos que tragam benefícios e fidelização.

"O relacionamento com o produtor é o que a gente busca de diferenciação no mercado, por isso estamos investindo mais em serviços, programas e tecnologias para fazer nosso produtor produzir melhor', destacou o diretor de vendas da Bayer no Cerrado, Fernando Prudente.

Ele acredita que fundos de investimentos internacionais chineses e americanos podem ajudar o país na consolidação do mercado e como "maior lugar de crescimento de agricultura no mundo"

Na região do Cerrado também existe o programa União dos Agronômos Independentes, estimulado pela Bayer. A associação reúne produtores rurais que estão dispostos a remodelar as formas de produção.

"O programa ajuda na troca de informações com visitas em outras propriedades modelo, contato com produtores e pesquisadores, além do trabalho que é feito no solo pautado na conscientização ambiental", destacou o produtor rural, Fábio Maschke, proprietário da Fazenda Serra Dourada, de 700 hectares localizada em Água Fria de Goiás (GO).

Segundo ele, o programa, ainda restrito ao cerrado, conta com 100 agricultores que têm aplicado as recomendações propostas nas visitas técnicas.

"O objetivo é trazer inovação e expandir para outras áreas de produção depois de ter testado o resultado", destacou Maschke, que avaliou como resultados a maximização da produtividade e a regulação de maquinário.

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