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Funcionários-robô saem da ficção científica e chegam a empresas japonesas

14/06/2017 10h02

Marta O. Craviotto.

Tóquio, 14 jun (EFE).- Robô recepcionista, robô cuidador de idoso ou até robô professor. Embora longe de competir com humanos por um emprego, eles podem ser uma solução para o Japão, país onde existem mais postos de trabalho do que pessoas para ocupá-los.

A poucos quilômetros do centro da capital japonesa, perto da Disneylândia de Tóquio, dois dinossauros poliglotas recepcionam os hóspedes do Henn-na Hotel ("Hotel Estranho", em tradução livre), sem qualquer humano à vista. Em cada um dos 100 quartos, a pequena "Taipa" se coloca à disposição do visitante: uma simples frase pronunciada, em inglês ou japonês, faz com ela acenda ou apague a luz, a TV ou fale sobre a previsão do tempo.

Em um hotel com estas características - onde a diária do quarto duplo varia entre 14 mil e 30 mil ienes (entre R$ 415 e R$ 885) - é possível reduzir o número de funcionários pela metade, de acordo com seus diretores.

Um estudo do Fórum Econômico Mundial previu no ano passado que a utilização de robôs e inteligência artificial no mercado de trabalho provocaria o fechamento de mais de 5 milhões vagas nos 15 países mais desenvolvidos do mundo até 2020.

Já conforme um levantamento lançado pelo Nomura Research Institute no final de 2015, as máquinas poderão fazer a metade dos serviços disponíveis no Japão até 2030.

"Mas isso só aconteceria em determinados setores econômicos e industriais", afirmou à Agência Efe o canadense Tim Hornyak, autor do livro "Loving the Machine: The Art and Science of Japanese Robots" (não lançado no Brasil).

Certos trabalhos baseados na análise de dados ou em operações sistemáticas poderiam ser realizados mais facilmente por máquinas. A companhia de seguros Fukoku Mutual Life Insurance, por exemplo, anunciou há poucos meses demitiria 34 funcionários e os substituiria por um programa de inteligência artificial, que calcula automaticamente as indenizações dos segurados e que poderia melhorar a produtividade da companhia em 30%.

Kaname Hayashi, fundador da empresa de robótica Groove X, no entanto, diz que não há motivos para preocupação nem para pensar que os robôs estão "roubando" os empregos das pessoas.

"Os humanos sempre avançaram na civilização através do uso de ferramentas. Os robôs são ferramentas. É natural que os humanos explorem ao máximo os robôs no futuro", frisou o criador de Pepper, primeiro robô capaz de interpretar emoções humanas e comercializado em série.

O professor Hiroshi Ishiguro, da Universidade de Osaka, vai além. Para ele, o país poderia ser mais próspero com a robotização de determinados setores.

"Se as pessoas não tivessem que trabalhar em fábricas, por exemplo, onde é possível usar robôs e tecnologias, poderiam se concentrar em outros tipos de trabalho, mais criativos e que aumentariam a produtividade do país consideravelmente", argumentou.

De fato, a entrada dos robôs no mercado poderia solucionar a escassez de mão de obra que existe no Japão. Os últimos dados do governo mostram que existe 0,67 candidato para cada vaga. A mão de obra diminuiu quase em 2 milhões desde o final dos anos 90, em parte devido ao rápido envelhecimento da população, que ameaça pesar no desenvolvimento da terceira maior economia do mundo.

"Acredito que os robôs têm e continuarão tendo um impacto na disponibilidade de mão de obra no Japão, ainda que não totalmente suficiente para fazer frente ao decrescimento populacional", disse o professor.

Para ele, ainda que os robôs atualmente sejam protagonistas de filmes e peças, nos próximos anos eles estarão em lugares públicos, como shoppings, escolas e estações de trem ou metrô.

"Graças aos robôs, nossa sociedade e nossas vidas vão melhorar", concluiu Ishiguro, famoso por seus modelos de humanoides, entre eles uma réplica si mesmo.

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