Ilan: câmbio flutuante é primeira linha de defesa contra choques externos
Ricardo Leopoldo, correspondente e enviado especial
Washington
18/04/2018 20h00
No texto, é ressaltado que a mudança da política econômica foi precondição para os resultados atingidos atualmente pela inflação. Segundo ele, também foram importantes o câmbio flutuante e as reservas cambiais "robustas", assim como foram cruciais avanços na estratégia de comunicação da autoridade monetária.
Os apontamentos também dão ênfase à avaliação de que os países emergentes devem atuar de forma preventiva em relação à perspectiva de juros maiores nos EUA, numa conjuntura internacional que é ainda decorrente de crescimento global e ambiente favorável de condições financeiras.
Segundo o texto divulgado pelo BC, com a nova política econômica adotada pelo governo Michel Temer, o Brasil está menos vulnerável a choques externos, que têm o regime de câmbio flutuante como primeira linha de defesa. Mas a autoridade monetária enfatizou que este sistema cambial "não evita que o BC use instrumentos a nossa disposição para evitar excessiva volatilidade no mercado de câmbio".
No contexto de construção de defesas para o País se proteger de choques externos, o BC ressaltou que é relevante evitar grandes descasamentos de moedas. O Banco Central também detalhou que o estoque de reservas internacionais está em US$ 380 bilhões, perto de 20% do PIB, e funciona como um seguro para períodos de turbulências em mercados. "O BC reduziu o estoque de swaps cambiais de US$ 108 bilhões para o nível atual de US$ 24 bilhões."
Setor externo
Ilan ressalta que o déficit de conta corrente atingiu em fevereiro 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), em 12 meses, depois de ter alcançado 3,3% do PIB no final de 2015. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária destacou que os Investimentos Diretos no País (IDP) atingiram 3,1% do PIB, quase 8 vezes o resultado negativo das transações correntes.
O texto comunicado pelo BC destacou também que o sistema financeiro no País e o setor corporativo estão muito resilientes a flutuações do câmbio e que a dívida pública externa do Brasil "não é um problema".
De acordo com os apontamentos, as fontes externas de funding representam parte pequena dos passivos do sistema bancário e também enfatizaram que o setor corporativo já está bem protegido contra depreciação da moeda doméstica.
"O sistema bancário brasileiro tem capital suficiente e proteções de liquidez para fazer frente a um cenário de graves condições econômicas", ressaltou o BC. "O total do endividamento externo do setor não financeiro tem caído desde 2015 e atualmente está ao redor de 17% do PIB."
Segundo o texto, a resiliência da economia é resultado de persistente melhora dos fundamentos, o que ocorre com políticas macroeconômicas que preservaram o crescimento.