BIS prevê longo período de turbulências à frente
Célia Froufe, correspondente
Londres
24/09/2018 07h55
O BIS, o banco central dos bancos centrais, comparou a volatilidade do mercado este ano à reação de um paciente que acabou de sair de um remédio forte. "Com as taxas de juros ainda extraordinariamente baixas e os balanços dos bancos centrais ainda inchados como nunca, resta pouco no armário de remédios para levar o paciente de volta à saúde ou a cuidar dele em caso de recaída", avalia Claudio Borio, chefe do Departamento Monetário e Econômico do BIS.
Além disso, Borio salientou que o retrocesso político e social contra a globalização e o multilateralismo "aumenta a febre". "Os formuladores de políticas e os participantes do mercado devem se preparar para uma convalescença demorada e cheia de acontecimentos", previu. Para ele, os mercados das economias avançadas ainda estão sobrecarregados e as condições financeiras ainda são muito fáceis.
O economista destacou que, acima de tudo, há muita dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) globalmente e a dívida total (privada e pública) é agora consideravelmente maior do que a vista no período pré-crise: "Ironicamente, muita dívida estava no centro da crise e agora temos mais - embora, felizmente, os bancos tenham reduzido sua alavancagem graças à reforma financeira."
O economista enfatizou, assim como o relatório principal da instituição, que a "divergência é o nome do jogo". Para ele, essa divergência ocorre porque, apesar da maturidade da expansão, a economia dos Estados Unidos se acelerou ainda mais. No entanto, a inflação, como tendia a convergir para a meta, não representava ameaça.
Borio lembrou que os empréstimos em dólares para os emergentes mais do que dobraram desde a crise financeira internacional, para US$ 3,7 trilhões. O valor, de acordo com o chefe do BIS, não inclui empréstimos por meio de swaps cambiais e que poderiam facilmente ser de uma ordem similar de magnitude. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.