Moody's altera para 'positiva' perspectiva de nota de crédito do Brasil
Alexandre Garcia
Colaboração para o UOL, de São Paulo
01/05/2024 13h59
A agência de classificação de risco Moody's anunciou nesta quarta-feira (1º) a manutenção da nota de crédito do Brasil em "Ba2". A decisão altera a perspectiva de rating do país de "estável" para "positiva". A alteração é motivada pela melhora das expectativas para o crescimento da economia nacional.
O que aconteceu
A Moody's mantém o rating do Brasil inalterado desde 2016. Após tirar o selo de bom pagador, a agência de classificação de risco reduziu a nota de crédito do Brasil de "Baa3" para "Ba2", avaliação dada ao grupo de países com "grau especulativo".
A decisão ainda não devolve o grau de investimento ao Brasil. A perspectiva positiva da Moody's deixa o país mais perto de obter novamente o selo de bom pagador. O grau de investimento, no entanto, ainda depende de outros fatores a serem avaliados.
A mudança de perspectiva para positiva tem como base a avaliação da Moody's de que um crescimento mais forte combinado com um progresso contínuo, embora gradual, em direção à consolidação fiscal, pode permitir que o peso da dívida do Brasil se estabilize.
Moody's
Perspectiva positiva considera bom desempenho da economia. Segundo a Moody's, o avanço da economia nos últimos dois anos "surpreendeu positivamente". Para 2024 e 2025, a estimativa aponta para elevações do PIB de, em média, 2%. Tal crescimento previsto é significativamente superior à taxa anual média de -0,5%, observada entre 2015 e 2019.
As perspectivas de crescimento forte, na ordem de 2%, baseiam a avaliação da Moody's sobre um potencial de melhora do perfil de crédito do Brasil e estão alinhadas com a grande escala, diversificação e resiliência comprovada da economia nos últimos anos.
Moody's
Política fiscal é entrave para retomada do grau de investimento. Segundo a agência de risco, há riscos para a continuidade consolidação fiscal pelo governo. O endividamento elevado e a fraca capacidade de pagamento da dívida também são citados como preocupações que justificam a manutenção da nota de crédito.
A agência destaca que ações do governo podem determinar a elevação ou o rebaixamento do rating. Para a Moody's, a melhora constante do resultado primário e dos déficits fiscais aumentaria a credibilidade. Por outro lado, uma pressão negativa pode surgir justamente com o enfraquecimento fiscal e um persistente crescimento baixo do PIB.