BC: incerteza ocorre em contexto de transformações na intermediação financeira
Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Brasília
11/12/2019 19h50
Segundo o Copom, o balanço de riscos para inflação segue com fatores em ambas as direções. De um lado, o nível elevado de ociosidade da economia pode continuar produzindo uma inflação menor que a esperada.
Do outro lado, o Copom voltou a citar que o atual grau de estímulo - com quatro cortes seguidos que totalizaram 2 p.p. de redução na Selic - atua com defasagens sobre a economia. Isso aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão da política monetária e pode elevar a inflação. A novidade foi que o BC pontuou no comunicado que essa incerteza ocorre em um contexto de transformações na intermediação financeira.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem destacado em suas recentes apresentações que essas transformações ocorrem em todo o mundo, com o crescimento da oferta digital de produtos financeiros e com a entrada das chamadas fintechs no mercado de crédito.
Esse risco de uma inflação mais elevada, continuou o Copom, se intensifica nos casos de deterioração do cenário externo para economias emergentes ou eventual frustração em relação à continuidade das reformas na economia.
Mais uma vez, o Copom reconheceu que o processo de reformas econômicas tem avançado, mas repetiu que perseverar nesse processo é essencial para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. "O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes", reiterou o comunicado.