Com expectativa de inflação baixa, Fed vê menos espaço para cortar juros
Gabriel Bueno da Costa e Eduardo Gayer
São Paulo
27/08/2020 13h00
Em sua fala, no simpósio de Jackson Hole, em edição virtual neste ano, Powell lembrou que algumas décadas atrás o desafio era a inflação elevada, mas agora o quadro é outro.
Ao citar as motivações para a revisão na política monetária, ele comentou que a taxa de crescimento potencial da economia, o que já era esperado, também por questões demográficas, mas igualmente de produtividade.
Além disso, Powell lembrou que o nível das taxas de juros caiu pelo mundo e que as estimativas para a taxa de juros neutra "têm recuado substancialmente".
Um terceiro fator citado foi que os EUA tinham há pouco o melhor mercado de trabalho em anos, com benefícios disseminados pela sociedade. Isso, porém, não significou "um aumento significativo na inflação", destacou Powell, sem que a meta de 2% tenha sido atingida em uma base sustentada. Segundo ele, o achatamento da curva de Phillips contribuiu para a inflação mais baixa.
Powell afirmou que a inflação persistentemente abaixo da meta de 2% no longo prazo "é motivo de preocupação" e que as pressões desinflacionárias globais podem ter contribuído para os preços mais baixos nos EUA.
Segundo ele, a inflação muito baixa por muito tempo "pode representar sérios riscos para a economia". "Expectativas de inflação bem ancoradas são cruciais para dar ao Fed a latitude para apoiar o emprego quando necessário, sem desestabilizar a inflação", destacou.