Inflação mais alta no curto prazo era esperada, mas magnitude foi maior, diz BC
Eduardo Rodrigues e Lorenna Rodrigues
Brasília
06/11/2020 15h25
Ele reafirmou que esse efeito de curto prazo na inflação deve ser temporário e não deve influenciar a política monetária. "Houve um pouco de ruptura na oferta no começo da pandemia e uma demanda 'super inchada' nas classes mais baixas devido ao auxílio emergencial. Essas classes têm um consumo superior ao que havia antes da pandemia em bens duráveis. E isso também é temporário", completou.
Kanczuk acrescentou que, apesar da pressão inflacionária nos meses à frente, o horizonte relevante do BC já está olhando para 2021 e 2022. "Deve haver uma retração dessa demanda artificial com a retirada do auxílio emergencial, e isso trará de volta o retorno do hiato grande do produto e a queda nos preços. Por enquanto estamos super tranquilos", concluiu.
Forward guidance
O diretor de Política Econômica do Banco Central disse que a discussão de medidas que burlam o teto de gastos - como o uso de recursos do Fundeb e o adiamento de precatórios para o pagamento de programas sociais - aumentaram a chance do Copom retirar o forward guidance da decisão de política monetária. "Mais recentemente, Fundeb e precatórios tiveram um impacto na parte curta da curva de juros, e isso sim pode eliminar o forward guidance do Copom", afirmou.
Ainda assim, como essas iniciativas não prosperaram politicamente, o Copom comunicou em sua última decisão que as condições do forward guidance seguem satisfeitas. O Copom alertou, porém, que apenas a "manutenção nominal" do teto não será suficiente para manter o instrumento de prescrição futura, caso a trajetória da dívida bruta piore em decorrência de medidas de descontrole fiscal.