PIB cresce 7,7%, mas não repõe perdas; crescimento em 2021 depende da vacina
Vinicius Neder, Daniela Amorim, Mariana Durão, Cícero Cotrim, Ernani Fagundes, Thaís Barcellos e Cícero Cotrim
04/12/2020 07h00
Mesmo recorde, o avanço foi insuficiente para recuperar as perdas do primeiro semestre. No terceiro trimestre, o nível de atividade ainda estava 4,1% abaixo do fim de 2019, segundo o IBGE. O ritmo da retomada será ditado pelo sucesso das vacinas contra a covid-19, disseram economistas.
A alta ficou abaixo das projeções de analistas, que esperavam salto de 8,8%, conforme o Projeções Broadcast. Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o PIB caiu 3,9%. Para 2020 fechado, economistas esperam retração de 4,5%, conforme levantamento do Projeções Broadcast concluído na tarde de ontem. Se confirmada, será a maior retração anual da história.
Além de insuficiente para recuperar as perdas acumuladas, a retomada ainda enfrenta a incerteza sobre a pandemia. O avanço da economia em todo o mundo no ano que vem está diretamente ligado à vacina contra a covid-19.
"A lição que ficou do que estamos vendo na Europa é que o risco de um 'lockdown' horizontal é menor e, ao mesmo tempo, as campanhas de vacinação no mundo estão andando rápido", disse Guilherme Loureiro, economista-chefe da Trafalgar Investimentos.
Embora os planos de vacinação estejam avançando em países como a Inglaterra, está pouco claro quando isso se dará no Brasil. Mais casos e mortes, com novas restrições ao contato social, podem prejudicar a retomada. Por ora, economistas ainda veem como pequeno o impacto das novas restrições em São Paulo e no Paraná.
"No curtíssimo prazo, vai haver arrefecimento da mobilidade, de dados de alta frequência, queda marginal da confiança, do consumo e da produção, mas muito diferente do começo da pandemia. A questão da vacina altera a perspectiva dessa desaceleração, coloca um teto nas incertezas", disse a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour.
A composição da retomada do terceiro trimestre serviu como lembrete da incerteza atrelada à doença. Impulsionado pelo auxílio emergencial para trabalhadores informais, o consumo das famílias avançou 7,6% sobre o segundo trimestre, puxando a retomada, mas ainda de forma desorganizada.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.