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Desinflação está lenta e BC espera que haja convergência a 3% no início de 2025, diz diretora

Sede do Banco Central, em Brasília Imagem: Adriano Machado/Reuters

Em Brasília

14/08/2023 15h08Atualizada em 14/08/2023 15h35

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, afirmou nesta segunda-feira, 14, que o País está vivenciando um processo de desinflação, que é lento, mas que o BC espera que leve a uma convergência para a meta de inflação de 3% no início de 2025. As projeções de inflação oficiais do BC são de 3,4% em 2024 e 3,0% em 2025.

"A economia está apresentando uma desinflação, uma desinflação lenta, que a gente espera que traga para convergência para a nossa meta de inflação de 3% lá no início de 2025", disse ela, na live semanal da autoridade monetária, cujo tema hoje é "O mundo visto pelo BC: economia internacional".

A diretora ainda repetiu o discurso do presidente do órgão, Roberto Campos Neto, que o processo de desinflação observado no Brasil hoje está muito ligado ao esforço do BC desde 2021 para controlar a inflação e que a economia brasileira está "indo bem".

Ela citou que a projeção do BC para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 2%, similar à expectativa para a economia dos Estados Unidos e melhor do que as previsões para a Europa, para alguns pares emergentes e da América Latina. "Vai ser o terceiro ano consecutivo de revisões para cima das estimativas de PIB. A economia tem tido um resultado bastante bom nos últimos 3 anos", disse, citando ainda a melhora do mercado de trabalho - fenômeno que também ocorre no resto do mundo.

Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central Imagem: 4.ago.2021 - Raphael Ribeiro/BCB

Fernanda Guardado ainda considerou que a parte das pressões inflacionárias estão se suavizando no mundo com o processo global de aperto monetário.

O Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o afrouxamento da taxa Selic neste mês, com um corte de 0,50 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25% ao ano, o que surpreendeu parte do mercado, que esperava uma queda mais "parcimoniosa" de 0,25pp.

No comunicado, o Copom disse que a decisão era compatível com a convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em menor peso, de 2025. Guardado votou por uma redução de 0,25 pp.

Riscos no cenário internacional

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central citou alguns riscos do cenário internacional para a economia brasileira. Dentre eles, uma ameaça de que o mundo conviva de uma forma mais prolongada com a inflação alta e persistente no mundo, em virtude de um mercado de trabalho mais apertado ou até de novos efeitos da guerra na Ucrânia. "O Brasil não é uma ilha, está exposto a esse tipo de pressão."

Outra ameaça seriam novos eventos de instabilidade financeira, que podem afetar os preços dos ativos brasileiros.

Por outro lado, Fernanda Guardado defendeu que o País tem uma grande oportunidade na agenda de sustentabilidade e de que pode se beneficiar de grandes projetos nessa área.

G20

A diretora também comentou sobre os projetos que o BC e o Ministério da Fazenda devem tocar durante a presidência do Brasil no G20. O País assumirá a presidência no fim de 2023 e tem duração de um ano. "O G20 é uma grande agenda de governo para dar protagonismo à agenda econômica e financeira do País. A parte financeira é uma parceria do Ministério da Fazenda e do BC."

Segundo ela, para o BC, é uma chance de dar tração a temas que considera relevantes, como inovação, o Drex, a CBDC brasileira, e a agenda de sustentabilidade. "Há ainda outros temas importantes, como o financiamento à infraestrutura e maior voz de emergentes em organismos internacionais, agenda que é mais tocada pela Fazenda, que é um grande parceiro no G20."

Risco-país

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central reconheceu que o indicador que aponta o risco de o País não cumprir seus compromissos melhorou nos últimos meses e avaliou que "tem tudo" para continuar assim, considerando a pauta "positiva" do País. Dentre os fatores listados na pauta positiva, a diretora mencionou o novo arcabouço fiscal, a política monetária do BC comprometida com o combate à inflação e ainda a melhor avaliação de agências de classificação de risco sobre a nota soberana do Brasil.

Após a melhora da nota soberana do Brasil pela Fitch Ratings, que passou de 'BB-' para 'BB', com perspectiva estável, no fim de julho, o Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do Brasil, termômetro do risco-País, tem rondado os menores níveis desde 2021.

"Acho que o Brasil tem tudo para seguir com o risco-País nesse nível ou mais baixo. A continuidade da agenda de reformas pelo Congresso tem o potencial de melhorar o risco-País", disse ela.

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