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Bolsa em baixa? Veja 10 ações que estão em bom momento de compra

22/09/2011 15h00

SÃO PAULO - Ao contrário do que muitos imaginavam, o desempenho do Ibovespa neste ano tem decepcionado até mesmo os mais céticos.

Os motivos que interferiram nesta performance foram --e continuam sendo-- muitos. Crise das dívidas soberanas na Europa, com a Grécia prestes a declarar default e, assim, colocando a moeda comum da região --o euro-- em xeque, bem como o fraco ritmo de recuperação da economia norte-americana, o desaquecimento forçado da China e suas consequências nos mercados globais.

Tudo isso contribuiu para elevar o clima de aversão ao risco que rapidamente se espalhou entre os investidores ao redor do globo.

Mas, enquanto uns saem desesperados à procura de mercados considerados mais defensivos em momentos de turbulência nas bolsas, como a renda fixa, outros aproveitam o período para irem às compras, pois, mesmo com uma deterioração no curto prazo, as perspectivas para os próximos anos continuam sendo bastante positivas para diversas companhias e setores.

Assim, para eles, esta pode ser a hora de comprar o papel "barato" para poder vendê-lo a um preço muito maior lá na frente.

Pensando em ajudar nesta escolha, a InfoMoney conversou com diversos analistas de investimentos para saber, na opinião deles, quais são atualmente dez ações de empresas com bons fundamentos e que estão em bom momento de compra.

1) Abril Educação

Recém chegada à BM&F Bovespa, as units da Abril Educação (ABRE11) representam uma boa oportunidade de compra, segundo o analista Max Bueno, da Spinelli Corretora. A companhia abriu seu capital no mês passado e, por ora, apresenta um decréscimo de 4,35% desde sua precificação (R$ 20,00) até o último fechamento (R$ 19,13).

Para Bueno, um dos principais vetores positivos para a Abril Educação é o foco de negócio diferenciado que ela possui em relação aos pares do setor educacional já presentes na bolsa brasileira.

"É um negócio que envolve conteúdo, que pode ser replicado para escolas públicas e particulares. Os outros representantes do setor são faculdades, envolvem ativos físicos e não conteúdo. Por isso, vejo que a Abril Educação tem um potencial de crescimento muito maior", afirmou o analista.

Além disso, Bueno também ressaltou que a companhia leva vantagem de se aproveitar da marca Abril, já bastante consolidada no mercado, especialmente no meio em que vivem os potenciais consumidores do conteúdo oferecido por ela. Tais aspectos favoráveis se convertem em boas perspectivas de resultados.

"A Abril Educação deve apresentar um crescimento consistente no lucro daqui para frente, entre 35% e 40% nos próximos três anos", completou o analista da Spinelli.

2) OGX Petróleo

Apesar das empresas "X" - pertencentes ao Grupo EBX, do megaempresário Eike Batista - serem algumas das ações que mais sofrem am momentos de instabilidade nas bolsas, principalmente por conta da característica pré-operacional de muitas delas, há quem esteja olhando para elas com bons olhos, em especial para a OGX Petróleo (OGXP3).

Ewerton Zacharias, da Prosper Corretora, é um deles. De acordo com ele, um dos vetores que mais alimentam boas perspectivas para a companhia é o fato de que ela deve deixar de ser pré-operacional em outubro.

"O mercado sempre olhou com desconfiança para este papel, em razão da empresa não ser operacional. Mas, isso deve mudar em breve. Ela é muito mais agressiva do que a Petrobras (PETR3, PETR4), por exemplo, além de ter um beta bem maior do que o Ibovespa", avaliou.

3) Usiminas

Mesmo com as fortes oscilações recentes, frutos de novos rumores de mercado, as ações ordinárias da Usiminas (USIM3) também têm chamado atenção de Zacharias. Embora afirme que a siderúrgica mineira possui um futuro nebuloso, ele gosta do papel por conta do tag along que ele oferece.

Na última semana, as ações USIM3 dispararam após a notícia de que o maior fabricante de aço do Japão, Nippon Steel, está em conversação com a Gerdau (GGBR4), cujas ações registraram a segunda maior alta do índice, para cobrir uma proposta de R$ 2,9 bilhões da CSN (CSNA3) por uma parte da própria Usiminas, conforme informaram à Bloomberg duas fontes familiarizadas com o negócio.

Embora as companhias tenham negado ter conhecimento do assunto, Zacharias vê uma possível venda da Usiminas neste negócio como um vetor positivo para a ação ordinária da empresa. "Eu realmente acredito que possa ter um upside (potencial de valorização) bom", disse.

Além disso, a companhia também apresenta bons fundamentos de longo prazo, lembra o analista da UM Investimentos, Gustavo Hon. "A questão dos rumores é mais especulação de curto prazo", afirmou, também colocando a USIM3 em sua lista de ações em bom momento de compra.

4) Banco do Brasil

Outro papel que inspira confiança ao analista da UM é o do Banco do Brasil (BBAS3). "Gosto do setor financeiro em geral, como Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), mas acho mais interessante o BB porque ele possui múltiplos atrativos e, principalmente, porque ele vem expandindo sua carteira de crédito consistentemente", avaliou Hon.

A carteira de crédito do BB, mencionada pelo analista, avançou 6% no 2T11 em relação ao primeiro trimestre deste ano, com destaque para o crédito ao consumidor, que aumentou 5,2% e o avanço de 12,0% dos empréstimos do BB no exterior.

“Isso reflete a estratégia de internacionalização da instituição, que visa atender clientes brasileiros no exterior”, segundo a equipe de análise Coinvalores.

5) GOL

Acreditando em uma correção técnica, a analista Rosângela Ribeiro, da SLW Corretora, aponta as ações da GOL (GOLL4) entre as que estão em um bom momento de compra. Segundo ela, os papéis estão bastante descontados, especialmente por conta das fortes quedas que eles apresentaram depois que a companhia reduziu seu guidance para este ano, refletindo a escalada dos preços do petróleo.

Entre as mudanças no guidance da empresa, está a redução do intervalo esperado de margem operacional (em relação ao Ebit), que antes ficava entre 6,5% e 10%. Agora, a expectativa é que o faturamento se traduza na geração de caixa em porcentagens entre 1% e 4%.

De acordo com comunicado da empresa, os custos para consumo do petróleo ultrapassaram R$ 250 milhões durante os primeiros seis meses deste ano. Com a alta da commodity, cerca 40% das despesas da GOL acabaram se originando do preço alto de combustível.

6) Tegma

Ainda no setor de logística e transportes, a ação da Tegma (TGMA3) também foi apontada por Rosângela. "A ação vem muito bem em decorrência dos últimos anúncios feitos pela companhia, em especial a aquisição da Direct. Por isso, eu acho que a companhia possui um bom potencial para melhorar sua rentabilidade", afirmou a analista da SLW.

Em março, a Tegma anunciou a aquisição de 80% da Direc Express, em um negócio avaliado em R$ 90,5 milhões. Esse valor corresponde a soma do preço pago pelas ações ordinárias da empresa mais parte das dívidas que a Tegma assumirá, de aproximadamente R$ 13,3 milhões.

O negócio também é interessante por outros fatores, entre eles pela questão da empresa estar adquirindo “expertise em serviços logísticos para atender o consumir final” e “a possibilidade de cross selling (vendas cruzadas) com serviços já prestados pela Tegma”, afirmou Artur Delorme, analista da Ativa Corretora.

7) Telemar

As ações da Telemar (TNLP4) representam bom momento de compra atualmente por conta das perspectivas de que este papel deverá repercutir positivamente o processo de reorganização societária da companhia, até que ele seja aprovado, segundo Rosângela.

"A ação vem mostrando uma melhora", frisa a analista da SLW. "O processo de reorganização societária deve ser bem sucedido", completa.

Segundo fato relevante enviado pela companhia, a reestruturação será feita por meio de uma série de operações, com o intuito de simplificar a estutura societária do grupo, convergindo todas as ações em apenas duas - BRTO3 e BRTO4. Após a unificação de todas as ações em dois únicos códigos, o nome da empresa será alterado para Oi S/A.

8) Telesp

Quem também chama atenção da analista da SLW é a ação da Telesp (TLPP4), especialmente depois da compra da Vivo. "Eu gosto desses papéis por conta do ganho de sinergia que a companhia deve ter com a incorporação da Vivo", diz Rosângela.

"A união das operações vai permitir que a companhia, que antes só tinha telefonia fixa, agora possa oferecer também serviços de telefonia móvel", completa.

Os resultados positivos dessa operação, segundo a analista, já devem ser refletidos no balanço da empresa já na segunda metade deste ano. Aliado a isso, um outro vetor positivo para a ação é a notícia de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou um financiamento de R$ 3 bilhões para a Vivo.

De acordo com nota enviada pelo banco, os recursos serão destinados a investimentos na expansão e melhoria da rede atual da empresa, assim como a implantação de infraestrutura necessária para novas tecnologias entre 2011 e 2013, além de pesquisa e desenvolvimento.

9) Eletropaulo

O setor elétrico não poderia deixar de faltar na lista de ações em bom momento de compra, especialmente porque as ações dessas empresas costumam conquistar uma visibilidade maior em períodos de volatilidade nas bolsas, principalmente por conta do caráter defensivo que elas apresentam.

Assim, Rosângela apontou os ativos da Eletropaulo (ELPL4) como um dos seus favoritos. "A empresa possui os maiores dividend yields do setor elétrico brasileiro e acredito que ela deve permanecer nessa posição ao longo do próximo ano", afirmou a analista da SLW.

Cabe destacar que a empresa ficou entre as mais citadas nas carteiras recomendadas com foco em dividendos para setembro, segundo levantamento feito pela InfoMoney.

10) Cemig

Por fim, ainda no setor elétrico, as ações da Cemig (CMIG4) também chamam atenção de Rosângela, não apenas pela fama de boa pagadora de dividendos, como também pela perspectiva de que a companhia deve apresentar melhora na rentabilidade nos próximos resultados.

"A empresa tem crescido bastante por conta das aquisições que tem feito e deve continuar assim. Além disso, ela é um dos principais players em um setor defensivo", avalia a analista da SLW.

Em junho, a Taesa (TRNA11), transmissora coliga à Cemig, adquiriu os ativos da espanhola Abengoa no Brasil, por R$ 1.099.224.000,00. Com isso a companhia passará a ter o controle de 100% das operações das unidades da Sul Transmissora de Energia, ATE, ATE II, ATE III e Nordeste Transmissora de Energia.