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Descubra se a sua corretora é financeiramente saudável e evite problemas no futuro

13/01/2012 14h28

SÃO PAULO - Você já deve estar acostumado a ver analistas e especialistas do mercado financeiro aconselhando os investidores a avaliar bem a saúde financeira das empresas antes de investir nelas. Mas alguma vez você já parou para pensar, e analisar, a saúde financeira da sua corretora de valores? Como saber se ela vai bem, economicamente falando?

É certo que, caso a corretora decrete falência, há normas do mercado que protegem o patrimônio do cliente. Porém, imagine se você tiver uma operação muito importante programada para o dia ou a semana quando justamente a sua corretora encerrou as operações? Até fazer um novo cadastro em outra instituição, lá se vão alguns dias, e dependendo da operação, lá se vão alguns reais também.

“É necessário abrir cadastro em outra corretora, fazer toda uma nova papelada para migrar de conta. O investidor poderá perder operações no meio do caminho, e para quem faz movimentações muito frequentes, pode ser até uma semana de negociações a menos”, alerta o educador financeiro Mauro Calil.

Sendo assim, a InfoMoney mostra como e onde o cliente pode saber se a sua corretora vai bem. É claro que uma série de outros fatores, como perfil, equipe de analistas, serviços e produtos oferecidos, forma de atendimento, qualidade das informações, taxas cobradas, novas aquisições entre outros aspectos devem ser levados em conta. A saúde financeira é mais um item que deve constar nesta extensa lista.

Balancetes mensais

Desde 1998, uma circular do Banco Central obriga as corretoras, mesmo de capital fechado, a publicarem seus balancetes em um sistema informatizado que atenda às exigências estabelecidas pelo Banco Central.

Segundo a Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários Câmbio e Mercadorias), a possibilidade dessa publicação está prevista na Circular BCB 2804/1998, que estabelece:

"Art. 1º - Determinar que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil publiquem suas demonstrações financeiras semestrais e anuais em jornal de grande circulação na localidade em que está situada a sede da instituição.

Parágrafo 1º - Em se tratando de demonstrações mensais, é suficiente a publicação em revista especializada ou em boletim de informação e divulgação de entidade de classe, ou, ainda, a divulgação em meio alternativo de comunicação, de acesso geral, em sistema informatizado."

Sendo assim, o investidor pode solicitar à sua corretora o nome do veículo e a data em que o balancete foi publicado. A própria Ancord publica os resultados de algumas corretoras e a Anbima também disponibiliza uma revista mensal só com balanços e balancetes de instituições financeiras.

Se mesmo assim o investidor não localizar os dados nos veículos de comunicação, é possível obtê-los no próprio site do BC, que os disponibiliza mensalmente para download.

Interpretando os números

Não se assuste com a enxurrada de dados que você encontrará no BC. Abaixo, e com a ajuda de Márcio Rômulo, líder de auditoria e asseguração da Performance, listamos os principais pontos que devem ser encontrados, seus significados e as formas para chegar aos números.

a) Lucro líquido: é o retorno financeiros das operações da empresa já descontadas a depreciação, despesas não operacionais, imposto de renda e participações diversas. Na planilha do BC, a conta para se chegar a este dado é:

Contas de Resultado Credoras - Conta de Resultado Devedoras

b) Patrimônio líquido total: diferença entre os bens e direitos da companhia e a soma das exigibilidades e obrigações. Ele representa os valores que os sócios ou acionistas têm na empresa em um de terminado momento. Para chegar ao patrimônio é necessário:

1. Capital Social + reserva de lucro + lucros ou prejuízos acumulados
2. Contas de Resultado Credoras - Conta de Resultado Devedoras
Ao final some 1+ 2

c) Remuneração sobre o patrimônio: significa, literalmente, a remuneração do patrimônio da companhia. Se esse patrimônio é bem remunerado a empresa tem longevidade. Quanto maior o resultado desta conta der melhor. A conta é a seguinte:

Lucro líquido / patrimônio líquido total

d) Liquidez Geral: indica quanto a corretora tem a receber no curto prazo e no longo prazo, em relação a cada unidade monetária que ela deve no mesmo prazo e período. Para calculá-la:

Ativo e Realizável a Longo Prazo / Passivo como Circulante e Exigível a Longo Prazo

Segundo Márcio Rômulo, também vale a pena analisar os itens Disponibilidades, Aplicações Interfinanceiras de Liquidez e Títulos e Valores Mobiliários e Instituições Financeiras Derivativos, que representam tudo aquilo que a empresa dispõe de mais líquido em seu ativo.

Além disso, outros sinais de que o momento de vacas magras chegou, são o corte de pessoal, reclamações de analistas ou outros profissionais que têm contato direto com o investidor, além de ajustes nos serviços prestados ou até a limitação dos mesmos.

Por fim, fica a dica do líder de auditoria e asseguração da Performance: “o ideal é fazer um acompanhamento dos últimos três anos da empresa, comparar com os players do mercado e saber se está na mesma proporção”.