Com compra da Budweiser, brasileiro vai comandar maior cervejaria do mundo
Da Redação<br><br>Em São Paulo
14/07/2008 11h31
A fabricante de cervejas belgo-brasileira InBev, dona da Brahma e Antarctica, comprou sua concorrente norte-americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser, por US$ 52 bilhões.
A nova empresa criada será a maior do mundo no setor de cervejas e uma das cinco maiores do mundo em todos os setores de produtos de grande consumo. O seu diretor será um brasileiro: o carioca Carlos Brito, 48, que é atualmente presidente da InBev.
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Para fazer compra, Inbev vai se endividarCasado e pai de quatro filhos, Brito é o homem de confiança de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, ex-controladores do banco Garantia e hoje os maiores acionistas individuais da InBev, segundo perfil traçado pela revista "Exame" (leia o texto completo sobre o executivo).
Depois de resistir à ofensiva da InBev durante um mês, o conselho de administração da Anheuser-Busch acabou aceitando uma oferta melhorada, de cerca de US$ 70 em efetivo por ação da Anheuser-Busch, contra US$ 65 na oferta inicial.
A união das duas empresas dará à luz uma nova companhia chamada Anheuser-Busch InBev, que terá um faturamento anual de US$ 36 bilhões e 460 milhões de hectolitros em vendas, com marcas de grande êxito como Stella Artois, Beck's e Budweiser. A fatia da nova cervejaria no mercado mundial será de 25%.
Essa aquisição significa também o fim de quase 150 anos de independência para a Anheuser-Busch, cuja sede se encontra em Saint Louis, no Estado do Missouri (Estados Unidos).
Gigante mundial
Considerando o faturamento, a nova líder mundial das cervejas será também um dos cinco maiores grupos mundiais de produtos de grande consumo, incluindo todos os setores, segundo o comunicado conjunto de ambas as empresas.
Até agora, o mercado mundial de cerveja era dominado por três rivais de porte comparável: a InBev, nascida da fusão em 2004 da gigante belga Interbrew e da brasileira AmBev, a britânica SABMiller (dona da Miller) e a Anheuser-Bush, líder nos Estados Unidos com 48,5% do mercado e proprietária da famosa cerveja Budweiser.
Muito atrás da nova gigante está agora a número dois do setor, a SABMiller, com US$ 21 bilhões em faturamento e 216 milhões de hectolitros de cerveja vendidos por ano (veja gráfico ao final do texto).
A empresa ampliada contará com diversificação geográfica, com posições importantes nos cinco principais mercados do mundo —China, Estados Unidos, Rússia, Brasil e Alemanha— e exposição equilibrada em mercados em desenvolvimento e desenvolvidos.
Tanto os acionistas da InBev como os da Anheuser-Busch ainda precisam aprovar a transação. Também é necessário passar pelo crivo das autoridades que regulam o mercado.
Os acionistas terão a oportunidade de votar sobre a combinação proposta durante reuniões especiais que ainda serão marcadas. A previsão é de que o negócio esteja concluído até o fim deste ano.
Se for aprovado pelos acionistas de ambos os grupos e pelas autoridades competentes, o acordo porá fim a um projeto que ameaçava fracassar. As negociações haviam se complicado recentemente, e os dois grupos se dirigiram às autoridades reguladoras e à justiça norte-americana.
No entanto, as discussões avançaram nos últimos dias graças ao apoio de importantes acionistas da Anheuser-Busch, entre eles o influente multimilionário norte-americano Warren Buffett, favoráveis à aquisição.
Família não queria
A família fundadora, em sua maioria hostil à fusão, não tinha meios para se opor à oferta do grupo belgo-brasileiro, já que possuía apenas uma pequena porcentagem do capital.
O presidente e executivo-chefe da cervejaria americana, August Busch IV, fará parte do conselho administrativo da nova gigante.
A sede da Budweiser continuará em Saint Louis, onde também será estabelecida a matriz americana da empresa que se fundiu, e todas as cervejarias da Anheuser-Busch serão mantidas em funcionamento.
A InBev revelou no dia 11 de junho sua oferta de compra não solicitada, ao propor US$ 46 bilhões para "beber" a Anheuser. No final, a compra acabou custando US$ 52 bilhões.
As empresas indicaram nesta segunda-feira que apostam em algumas sinergias (aproveitamento de recursos comuns e economia) de pelo menos US$ 1,5 bilhão por ano até 2011, e adiantaram que "todas as cervejarias norte-americanas" do grupo continuarão funcionando.
Em termos financeiros, a transação terá previsivelmente um efeito neutro sobre o ganho por ação da empresa comum em 2009, e será positivo a partir de 2010, segundo o comunicado.
(Com informações de AFP, EFE e Valor Online)