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Teste mostra como corretoras de ações orientam novato a entrar na Bolsa

Matheus Lombardi

Do UOL Economia

14/02/2011 06h00

O primeiro passo para quem quer investir na Bolsa de Valores é escolher uma corretora para operar. É obrigatório estar associado a uma empresa para negociar ações. De acordo com a BM&FBovespa, atualmente, mais de 600 mil pessoas operam no mercado. Até 2014, a meta é chegar a 5 milhões de investidores. A dúvida que fica é: será que todos que entram nesse mercado são bem orientados?

Para testar o atendimento que as corretoras oferecem aos investidores iniciantes o UOL Economia procurou, sem se identificar, três empresas de São Paulo que oferecem a possibilidade de operar no sistema home broker (quando o investidor negocia ações de casa, através de um programa da própria corretora).

Foram escolhidas empresas com diferentes faixas de tarifas por operação -de R$  0,99 a R$ 25. As orientações fornecidas pelas corretoras foram avaliadas por especialistas do setor.

CorretoraTaxa por operaçãoO que falou? Avaliação do especialista
Coinvaloresde R$ 2,70 a R$ 25 Investir na Bolsa de Valores é sempre muito arriscado

O investidor não deve aplicar em ações todo o dinheiro guardado

O investimento em ações precisa ser pensado em longo prazo
Quem garantir lucros com ações está mentindo

A empresa agiu corretamente ao salientar sobre os riscos e sobre o investimento a longo prazo
TOVR$ 5,26 A empresa não falou dos riscos

Ao pedir para conhecer a empresa, a atendente disse que preferia passar as informações por telefone
Toda operação com ações envolve riscos. Essa é a primeira informação que o investir precisa saber

A corretora deveria sempre receber os clientes, principalmente iniciantes
Mirae AssetR$ 0,99 O investidor iniciante não pode ser muito agressivo, comprar e vender muitas ações

É preciso acompanhar relatórios de empresas e gráficos para investir de
forma mais segura
Boa orientação: o investidor deve operar com poucas empresas no início, para conhecer melhor o mercado

Também é uma boa dica: os balanços devem ser lidos atentamente, assim como notícias sobre o setor
  • Fontes: Corretoras

Coinvalores

Ao chegar à corretora Coinvalores, que tem escritório na avenida Faria Lima, na região oeste de São Paulo, num dos principais endereços de negócios da cidade, o atendimento foi rápido: não demorou mais do que cinco minutos para o funcionário iniciar as explicações. O consultor salientou logo no início da conversa que o investidor inexperiente deve tomar cuidado ao aplicar no mercado de ações, e indicou cursos que ensinam a operar na Bolsa de Valores.

"É importante que o investidor saiba onde está pisando. Ter informação é o melhor caminho para ter um bom retorno do investimento", disse.

Ele também ressaltou que é arriscado investir todas as economias em ações. "O ideal é colocar um dinheiro que você não vai precisar usar daqui a alguns meses. Um investimento a longo prazo é melhor e, por isso, não indicamos que você aplique um dinheiro que vai fazer falta". A empresa não cobra uma taxa fixa por operação, variando de R$ 2,70 a R$ 25, de acordo com o valor da transação.

Para o professor de finanças Maurício Carvalho, a empresa deu um bom atendimento. “O investidor iniciante tem que buscar informações sobre as empresas em que vai investir por meio de corretoras e dos analistas que ela possui. O serviço de análise é fundamental para indicar as melhores oportunidades”, disse.

Ao entrar em contato após o teste, a empresa informou que possui uma equipe dedicada para atendimento e suporte às plataformas eletrônicas. Além disso, o cliente possui acesso direto aos analistas e operadores de mesa, diz a corretora.

TOV

Com atuação em várias regiões do país, a corretora TOV oferece um dos serviços mais baratos do mercado. Ao entrar em contato por telefone para marcar uma visita ao escritório, a reportagem foi informada que a preferência era fazer atendimento por telefone, e não pessoalmente. O mais importante ainda é que ela não mencionou os riscos da aplicação em ações.

O cliente que optar pelo home broker pagará uma taxa fixa de R$ 5,26 por operação e terá direito apenas a mexer no programa para comprar e vender ações. Dicas sobre investimentos e informações sobre as ações ficarão sob responsabilidade do próprio investidor.

A atendente disse que esse tipo de serviço é mais indicado para investidores um pouco mais experientes, porém, disse que nada me impediria de começar a operar na Bolsa de Valores em até dois dias úteis.

“É só preencher um cadastro no site e enviar os documentos necessários por e-mail. Você vai poder trabalhar com o dinheiro que tiver disponibilizado”, disse.

Para Carvalho, professor do Insper, o atendimento não foi bom. "Os riscos são a primeira informação que o investir precisa saber."

Ele também disse que o investidor não deve aplicar o dinheiro sem contar com o apoio técnico da corretora. "É preciso ter informação sobre as empresas que representam as ações. Uma corretora tem que ter um departamento de análise que faça relatórios explicando quais são as ações boas e, principalmente, por que são boas".

Ao entrar em contato com a TOV para falar sobre o atendimento, a empresa disse que a pessoa que atendeu o telefone não era do home broker e, por isso, não passou as informações corretamente. Quando a reportagem procurou inicialmente a empresa, o funcionário que atendeu afirmou que era do departamento de home broker.

Mirae

Na corretora Mirae, grupo financeiro asiático que iniciou neste ano o serviço de home broker, o grande atrativo são os preços "mais baixos do mercado", segundo a própria empresa. Com uma taxa de R$ 0,99 por operação, a corretora chamou a atenção do mercado.

Ao chegar na empresa, na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo, a espera pelo atendimento também foi pequena (entre cinco e dez minutos). Durante a conversa, o analista afirmou que o investidor tem de pensar no longo prazo para investir na Bolsa.

"Não adianta querer ganhar todo o dinheiro de um dia para o outro. Dessa forma, os riscos aumentam muito", disse.

Para o investidor home broker, a empresa disponibiliza um serviço com relatórios técnicos sobre a situação de ações na Bolsa.

Segundo Carvalho, a empresa acertou ao falar dos riscos e incentivar a investir no longo prazo. “Na Bolsa, não existe ganho sem risco. Se alguém disser que o retorno é garantido, você pode desconfiar, porque isso não existe. Quem quer ganhar dinheiro precisa pensar lá na frente”, afirma.

A empresa respondeu que apesar de ter começado a operar há pouco tempo no home broker, o objetivo é se consolidar no mercado nacional. A ideia é trazer a experiência internacional em mercados emergentes para conquistar a confiança dos investidores.