Veja as melhores formas de financiar a compra de seu próximo carro
A compra de um carro não se resume à escolha de modelo, cor e ano do veículo. No mercado, é possível encontrar pelo menos três formas de pagamento: financiamento, consórcio e leasing. Cada modalidade tem vantagens e desvantagens que devem ser consideradas pelo consumidor na hora da decisão, alertam especialistas consultados pelo UOL.
Os especialistas citam o consórcio como a opção de menor custo para o consumidor que quer comprar seu veículo. O problema é que, nesse tipo de negócio, o consumidor não costuma ter acesso ao carro imediatamente: precisa ser sorteado ou dar um bom lance.
Sobre o consórcio não incidem juros, mas o consumidor precisa pagar uma taxa mensal de administração, que, segundo a Abac (Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio), é de 0,25% ao mês em média.
COMPRA DE CARRO: QUAL A MELHOR OPÇÃO?
Veja os pontos fortes e fracos de cada modalidade
MODALIDADE | BANCO | CONCESSIONÁRIA | CONSÓRCIO | LEASING |
PREÇO FINAL | ||||
PRAZO DE RETIRADA | ||||
IMPOSTO (IOF) | ||||
JUROS |
Pelas contas da própria Abac, um consórcio de R$ 40 mil por um prazo de 60 meses (cinco anos) e com reajuste de 3,6% ao ano, por exemplo, resultaria numa prestação média de R$ 833,63. Ao fim do prazo, o consumidor terá pago R$ 50.317,56, ou 1,25 vez o valor do carro.
O matemático e professor do Insper José Dutra Vieira Sobrinho comparou essas condições com as oferecidas pelo financiamento tradicional e pelo leasing (que é um tipo de aluguel com opção de compra ao final do contrato).
Considerando uma taxa de 1,6% ao mês para o leasing, o professor mostra que, para uma compra de mesmo valor e pelo mesmo prazo, o valor total pago subiria para R$ 62.521,80, ou 1,56 vez o preço do carro. Cada parcela seria de R$ 1.042,03.
Se a opção fosse por um financiamento, porém, o consumidor teria de pagar também o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o preço do carro, o que já elevaria o valor do veículo para R$ 41.125,54. Com juros de 1,65% ao mês, o valor final do carro seria R$ 66.225,54, ou 1,65 vez o preço original. Seriam 60 parcelas de R$ 1.085.
Mas, ainda que na ponta do lápis o consórcio pareça mais interessante, ele não é indicado para quem precisa do carro com urgência. Para o especialista em finanças pessoais Mauro Calil, o consórcio é a opção certa em situações pontuais, como para quem tem o hábito de trocar o carro de três em três anos, por exemplo, porque permite o planejamento dessa compra.
O economista especializado no setor automotivo Ayrton Fontes cita ainda outra situação em que o consórcio pode ser interessante. Quem tem dinheiro para dar uma boa entrada num financiamento pode ter mais vantagem se optar pelo consórcio, usando esse dinheiro num lance.
"As pessoas ficam iludidas com as promoções feitas pelas concessionárias, mas podem encontrar condições melhores e prazos maiores nos consórcios", diz Fontes.
Com entrada maior, juros do financiamento são menores
Quando se fala em financiamento, os consumidores costumam ter acesso a duas modalidades. Uma é aquela oferecida pela concessionária e alardeada em anúncios de jornais. A outra é a modalidade oferecida pelos bancos diretamente aos seus clientes, uma espécie de crédito pré-aprovado.
Nos dois casos, a principal vantagem é o acesso imediato ao veículo. Em comum, essas duas modalidades têm ainda a cobrança de IOF, que corresponde a um percentual do valor do carro. Em ambas as situações, o consumidor também costuma ter acesso a juros mais baixos se der um valor alto de entrada.
Quem faz a compra do veículo na concessionária, porém, precisa arcar também com outras taxas, diz o economista Ayrton Fontes, especialista no setor automotivo. Ele cita como exemplo a taxa de retorno, que é uma espécie de comissão paga ao vendedor do carro. Essa taxa é alvo de uma série de contestações na Justiça. "Mas todas as concessionárias cobram", afirma.
Segundo ele, para fugir da taxa, compensa mais pegar dinheiro emprestado no banco e comprar o carro à vista.
Leasing não tem cobrança de IOF
A outra modalidade oferecida no mercado é o leasing. A maior vantagem, nesse caso, é a ausência de cobrança do IOF, diz José Dutra Vieira Sobrinho. "Os juros do leasing também costumam ser mais baixos do que os do financiamento", afirma.
O professor contesta uma das supostas desvantagens do leasing, que é o fato de o veículo só ser repassado para o nome do comprador no fim do prazo de pagamento - até lá, fica em nome do banco.
"Isso faz com que a retomada do veículo, em caso de inadimplência, seja mais rápida no leasing. Mas, para quem vai pagar tudo em dia, faz pouca diferença", diz Dutra.
O leasing é interessante, sobretudo, para as empresas, diz Mauro Calil. Isso porque garante abatimento de Imposto de Renda. Os bancos, porém, têm diminuído a oferta de leasing por causa da inadimplência.
Consumidor precisa considerar outros gastos
Qualquer que seja a forma de pagamento escolhida, Calil diz que, antes de mais nada, o consumidor precisa avaliar a real necessidade da compra.
"Depois, é preciso lembrar que, quando se compra um carro, não se tem o custo apenas do próprio carro. As pessoas se esquecem do custo de combustível, manutenção, seguro e IPVA", diz Calil.
Pelos cálculos do especialista, um carro popular pode representar um gasto de R$ 800 a R$ 900 por mês. "Muitas pessoas não percebem isso porque alguns desses gastos, como o IPVA, estão concentrados em apenas uma parte do ano."
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