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BC fecha os bancos Cruzeiro do Sul e Prosper; cliente terá até R$ 70 mil

Do UOL, em São Paulo

14/09/2012 11h09Atualizada em 14/09/2012 12h25

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) garante até R$ 70 mil por cliente (CPF ou CNPJ) em caso de liquidação, como a anunciada nesta sexta-feira (14) pelo Banco Central em relação aos bancos Cruzeiro do Sul (CZRS4) e Prosper.

O FGC é uma entidade privada mantida pelos bancos. O objetivo do fundo é justamente dar garantias aos investidores e clientes quando uma instituição é liquidada.

Entre os investimentos que são cobertos pelo fundo estão as aplicações em conta poupança, no CDB e nas LCI (Letras de Crédito Imobiliário), além das letras hipotecárias e as letras de câmbio.

As regras do FGC preveem que o pagamento aos credores seja feito por meio de outro banco, em agências próximas às antigas agências do banco liquidado. Não é permitido o crédito em conta corrente e não há cobrança de tarifas bancárias na operação.

A exposição do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ao Cruzeiro do Sul é de R$ 1,9 bilhão. A cifra inicial era de R$ 2,2 bilhões, mas o banco pagou alguns CDBs que foram vencendo, segundo fonte próxima ao assunto.

Após o anúncio da liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul (CZRS4) e Prosper, a  Bovespa informou que as negociações com as ações do Cruzeiro do Sul estão suspensas. Elas acumularam valorização de 55,6% em três dias.

Negociações com Santander falharam

As negociações com o Santander (SANB11) para a compra do Cruzeiro do Sul se estenderam até a madrugada desta sexta-feira, mas não avançaram diante da cobrança pelo banco espanhol de garantias que impediram um acordo para a venda da instituição.

O Cruzeiro do Sul está sob intervenção do Banco Central desde o início de junho e, na quinta-feira, venceu o prazo para o Cruzeiro do Sul conseguir aprovação de credores para renegociação de dívidas e obtenção de um comprador.

O plano de recuperação do banco Cruzeiro do Sul, que tinha um rombo de R$ 2,237 bilhões até a intervenção ocorrida em 4 de junho, previa, além da reestruturação da dívida, a venda da instituição.

Banco Prosper também foi liquidado

A liquidação do Banco Prosper, que teve proposta de mudança de controle para o Banco Cruzeiro do Sul não aprovada, "deve-se a sucessivos prejuízos que vinham expondo seus credores a risco anormal, a deficiência patrimonial e a descumprimento de normas aplicáveis ao sistema financeiro", segundo o BC.

Em nota, o BC afirma que "continuará tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Nos termos da lei, permanecem indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores do Banco Cruzeiro do Sul e ficam indisponíveis, a partir de hoje, os bens dos controladores e dos ex-administradores do Banco Prosper".

Histórico negativo

Não é de hoje que o banco Cruzeiro do Sul atravessa problemas. Com quase 20 anos nas mãos da família Indio da Costa, a instituição coleciona um histórico recente marcado por balanços reprovados por auditores, acusação de desvio de recursos e investigações por parte das autoridades.

A lista de tropeços do Cruzeiro do Sul começou a vir à tona em 2008, um ano depois de o banco estrear na bolsa de valores, vendendo cerca de R$ 645 milhões em ações. Desse valor, os Indio da Costa embolsaram R$ 150 milhões.

A instituição, que tinha R$ 2,6 bilhões em operações de crédito consignado, estreou valendo R$ 2,15 bilhões.

Em setembro de 2008, a massa falida do banco Santos acusou, em um processo judicial, o Cruzeiro do Sul de ter desviado R$ 206,2 milhões dos credores da instituição que pertenceu a Edemar Cid Ferreira. O caso ainda está correndo na Justiça.

Um ano depois, no fim de 2009, o banco anunciou a intenção de fazer uma nova oferta de ações, em uma operação que somaria R$ 400 milhões, entre novos recursos para o Cruzeiro do Sul e a venda de parte das ações dos Indio da Costa. Logo, porém, o processo foi abortado, em meio a uma sucessão de episódios negativos.

Em janeiro de 2010, o Banco Central começou a questionar as operações do Cruzeiro do Sul de venda de carteiras para fundos de direitos creditórios. Depois desse repasse, o próprio banco comprava as cotas do fundo, em operações que, para o Banco Central, poderiam ser irregulares.

No mês seguinte, foi a vez de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fazer marcação cerrada em cima do banco. A autoridade mandou o Cruzeiro do Sul republicar seus balanços de 2008 e 2009 sob o argumento de que a instituição não estava consolidando em seu balanço os fundos de direitos creditórios que detinha.

(Com informações de agências)