IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Empresário que tem Eike como cliente fatura R$ 400 mi com barcos de luxo

Matheus Lombardi*

Do UOL, em Mangaratiba (RJ)

02/05/2013 06h00

Amigo de gente como o bilionário Eike Batista, o empresário Márcio Christiansen, 57, destaca-se  no setor náutico de luxo no país. Dono do Ferrettigroup Brasil, que possui o maior estaleiro da América Latina, ele é capaz de fazer alguns dos homens mais ricos do Brasil gastarem até R$ 85 milhões sorrindo.

Foi por esse valor acima, que Christiansen vendeu um Pershing 115’ para Eike Batista. A maior venda da carreira do empresário foi concluída durante um jantar.

Com faturamento de R$ 400 milhões, em 2012, o Ferrettigroup Brasil possui 70% de market share em barcos acima de 50 pés (avaliados em mais de R$ 6 milhões).

Nesta semana, o empresário deu uma das maiores demontrações da influência que possui no setor. Resolveu fechar um resort de luxo em Mangaratiba (RJ) para levar alguns de seus principais clientes, no mesmo período em que é realizada no Rio de Janeiro a maior feira náutica na América Latina, a Rio Boat Show.

"Nossos clientes querem exclusividade. Aqui [em Magaratiba], eu posso controlar as coisas, trazer quem eu quiser e oferecer todo o luxo que eles estão acostumados", disse.

O evento 'paralelo' de Márcio reuniu banqueiros, presidentes de empresas e herdeiros de algumas das famílias mais ricas do país, que chegavam ao local em jatinhos e helicópteros, faziam passeios em carros de luxo e desgustavam uísques e charutos.

  • Eike Batista possui um Pershing 115' (como o da foto) avaliado em R$ 85 milhões

Empresário começou vendendo lotes

Christiansen começou cedo no mundo dos negócios. Aos 19 anos, vendeu metade dos lotes de um condomínio com marina no Guarujá (a 86 km de São Paulo). Conseguiu fazer um pé de meia e começou a vender barcos para esses clientes.

Alguns anos se passaram, e o empresário já tinha uma carteira de clientes considerável quando resolveu buscar uma parceria com a italiana Ferretti. Após não conseguir nem apresentar uma proposta de parceria, teve a sorte como aliada para fechar o negócio da vida.

"Fui comprar um carrinho para o meu filho na fábrica ao lado da Ferretti. Ganhei a confiança do dono da fábrica pagando à vista, antecipadamente. Ele resolveu me apresentar para o Norberto Ferretti [fundador da marca de barcos de luxo] e foi aí que as coisas começaram a andar", afirmou.

Após um período de intercâmbio na Itália, no qual aprendeu a língua do país e todo o funcionamento da fábrica, trouxe o negócio para o Brasil. Porém, uma inesperada reviravolta na economia brasileira quase botou tudo a perder.

"Eu tinha cinco embarcações vendidas, mas com o plano Collor quatro compradores desistiram. Foi um período difícil, mas que conseguimos superar".

Com o crescimento dos negócios, Christiansen se tornou sócio da Ferretti em uma fábrica no país. Os modelos importados com as características italianas foram ganhando um jeitinho brasileiro ao longo dos anos. "A gente começou a aproveitar melhor os espaços das embarcações, e acabamos criando uma tendência mundial", disse.

Tragédia na concorrência inspira sucessão

Um trágico acidente de helicóptero envolvendo seu principal concorrente, o empresário Gilberto Ramalho, dono da Intermarine, morto em 2009, acelerou a entrada dos filhos Diego e Paloma no negócio. "Hoje, meus filhos trabalham comigo. Eles têm trazido sangue novo, ótimas ideias para a empresa. Eu fico fora por um tempo e eles controlam tudo. Tenho total confiança", afirma.

Diego, 26, cuida do marketing da empresa e foi um dos responsáveis pela organização do Ferretti Weekend. Já Paloma, 24, é responsável pela decoração interna dos barcos.

Cliente é tratado como 'rei'

As negociações que podem demorar horas ou até meses, são recheadas de jantares em alguns dos restaurantes mais caros do país, além de passeios de helicópteros e viagens nas próprias embarcações.

Em São Paulo, o cliente que quiser conhecer a fábrica da Ferretti, por exemplo, pode usar um helicóptero da empresa para fugir do congestionamento.

"Quem compra um barco não consegue nunca deixar de ter um. Ele pode até ter que vender por um problema financeiro, mas vai fazer de tudo para comprar o barco de volta. Na maioria dos casos, os clientes vão sempre melhorando, sempre comprando [barcos] maiores e melhores", afirmou.

Loja nos Estados Unidos

O Ferrettigroup Brasil inaugurou em março uma loja em Miami, nos Estados Unidos. A ideia do empresário é ir atrás dos clientes brasileiros que querem comprar um barco no exterior.

"Eles precisam vender os barcos, e nós sabemos vender para os brasileiros. Estamos indo para Miami em busca desses clientes", declarou.

A empresa, que possui uma loja com mais de mil metros quadrados no Shopping Cidade Jardim, um dos mais luxuosos de São Paulo, pretende abrir um showroom no Rio de Janeiro ainda este ano.

*O jornalista Matheus Lombardi viajou a Mangaratiba a convite do Ferrettigroup Brasil