País não economiza para pagar juros da dívida e pode reduzir meta no ano
Do UOL, em São Paulo
31/10/2014 11h03Atualizada em 31/10/2014 12h06
O país não conseguiu economizar dinheiro para pagar os juros da dívida pública em setembro, de acordo com informações do Banco Central divulgadas nesta sexta-feira (31). As contas do setor público apresentaram resultado negativo total de R$ 25,491 bilhões no mês.
Assim, pela primeira vez desde 2002, o resultado acumulado no ano, entre janeiro e setembro, ficou negativo, em R$ 15,286 bilhões.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, o resultado de setembro foi crucial para que a instituição tomasse a decisão de diminuir a meta de superavit primário este ano.
De acordo com a agência de notícias Reuters, ele afirmou que o Tesouro vai encaminhar um decreto para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a meta de superavit primário de 2014, mas não informou qual seria a nova meta.
Atualmente, a intenção do governo é de economizar 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagar juros da dívida, ou R$ 99 bilhões.
Em 12 meses até setembro, a economia feita foi equivalente a 0,61% do PIB.
Economia para pagar juros
Esse resultado se refere a todo o setor público brasileiro (que inclui governo federal, empresas estatais, Estados e municípios). A economia para pagar os juros é conhecida como superavit primário. Como o país não economizou, foi registrado deficit primário.
A principal influência negativa para o resultado total veio do governo central (composto por Tesouro Nacional, BC e Previdência), que teve deficit de R$ 20,4 bilhões. Este dado foi divulgado mais cedo pelo Tesouro Nacional.
Ainda segundo o BC, a dívida pública está em 39,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em setembro.
Mantega disse que governo fará superavit primário "possível"
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse no começo de outubro que o governo federal fará neste ano o superavit primário [economia para pagar os juros da dívida pública] possível dentro das condições econômicas atuais, indicando que possivelmente não cumprirá a meta anual.
Na Fazenda estamos trabalhando para fazer o maior superavit fiscal possível dentro das condições neste ano", disse o ministro a jornalistas em São Paulo.
Mantega também disse que a economia brasileira, que entrou em recessão técnica no primeiro semestre, está em trajetória de recuperação, que será mantida no quarto trimestre.
(Com Reuters)